William Bonner afirmou durante o "Jornal Nacional" desta sexta-feira (3) que a Globo vai "tomar medidas cabíveis" contra internautas que fizeram comentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, na página oficial do telejornal no Facebook. A repórter foi alvo de comentários discriminatórios e ganhou o apoio da equipe do "JN" e de muitos famosos nas rede sociais.
Após chamar a moça do tempo para falar sobre o clima, o editor-chefe disse, com veemência, que o caso não ficará impune. "Hoje, a página do Jornal Nacional no Facebook recebeu comentários de uns cinquenta criminosos sobre Maria Julia. Que os criminosos sejam punidos. A Globo está estudando as medidas judiciais cabíveis ", disse o jornalista. O Ministério Público do Rio de Janeiro e de São Paulo também instaurou inquérito para apurar os crimes de injúria qualificada e racismo.
Durante o telejornal, a repórter, que tem ganhado destaque e já recebeu elogios de Bonner e Renata Vasconcellos, também falou sobre os comentários racistas. "Muita gente pensou que eu estava nos corredores chorando pelos cantos, mas já lido com esta questão há muito tempo. Cresci em uma família militante e não perco o ânimo", disse Maju. "Agora, eu quero me manifestar sobre ter recebido as milhares de mensagens, de emails. A militância que eu faço é com o meu trabalho, sendo competente", disse, concluindo em seguida: "Os preconceituosos ladram, mas a Majuzinha passa". Bonner e Renata concluíram o assunto relambrando a frase "Todos somos Maju" que virou um dos assuntos em destaque no Twitter.
Gloria Maria manifesta apoio: 'Não desista'
Apelidada carinhosamente de Maju por William Bonner, a jornalista, na Globo desde 2007, que se sente à vontade na parceria com Bonner e Renata, ganhou o apoio de vários famosos, como Gloria Maria. Primeira repórter negra da TV brasileira, Gloria já sentiu na pele os efeitos da discriminação racial. "O que eu digo para Maju é que ela vá em frente e não desista nunca, porque é isso que os racistas querem, que a gente fraqueje e desista. Mas que ela fique mais forte com essa experiência e siga adiante", disse a apresentadora do 'Globo Repórter' em entrevista ao colunista Bruno Astuto da revista "Época".
Gloria contou ainda foi vítima de racismo nos 10 anos em que apresentou o "Fantástico", de 1998 a 2007. "Essa é a prova do que eu sempre disse, que o racismo nunca vai acabar. O que ela está passando hoje, eu vivi no Fantástico. Recebia os comentários por cartas e, depois, por e-mails. Não era uma declaração pública e vinha diretamente a mim, atingia a minha alma e meu coração. Hoje atinge o Brasil. A diferença é essa. Eu tinha que aguentar o tranco sozinha. Isso que ela está vivendo é a normalidade do brasileiro. Mas nunca fraquejei, nunca desisti".
(Por Juliana Sousa)