Claudia Leitte está no olho do furacão nos últimos dias. A cantora foi acusada de racismo e intolerância religiosa ao trocar o nome de Iemanjá por Yeshua (nome de Jesus em hebraico) durante o clássico “Caranguejo”. A mudança foi feita há mais de 10 anos, mas a polêmica estourou apenas em 2024.
Claudia se apresentou em Salvador neste domingo (29), no Festival Virada, festa de Réveillon na capital baiana. Pela primeira vez em 20 anos, a cantora excluiu a música “Caranguejo” da setlist. Ela executou “Safado, Cachorro, Sem-Vergonha”, canção que sempre vem depois, normalmente, mas a música alvo da polêmica ficou de fora.
O curioso é que, no dia anterior, Claudia se apresentou em Recife, cantou “Caranguejo” e, novamente, trocou Iemanjá por Yeshua, mesmo após denúncias ao Ministério Público. Ou seja, o veto à canção aconteceu apenas em Salvador, terra do ritmo que a consagrou internacionalmente.
Nos bastidores do festival, Claudia se pronunciou pela primeira vez sobre o tópico em conversa com jornalistas. “Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, disse.
No último dia 19, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou, através da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, um inquérito para apurar se Claudia cometeu ato de racismo religioso. A iniciativa partiu da Iyalorixá Jaciara Ribeiro e do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).
Segundo informações publicadas pelo G1, o procedimento vai apurar a "responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal".