Na novela "Babilônia", Marcos Palmeira vive o primeiro vilão de sua carreira. Aderbal Pimenta é um prefeito corrupto que finge ser um homem humilde e sem luxo na fictícia cidade de Jatobá, onde foi eleito. No Rio de Janeiro, bem longe dos olhos de seus eleitores, ostenta um belo apartamento na orla da praia da Barra da Tijuca. Pura ficção ou livre inspiração na realidade política brasileira?
"Ele certamente estaria na Operação Lava Jato se fosse um poderoso. Por enquanto, é só um prefeito do interior, não tem essa força. Mas o sonho dele é estar na gangue", conta Palmeira, em entrevista ao Purepeople, se referindo à operação da Polícia Federal que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de verbas da Petrobras.
Para compor seu personagem, o ator diz não ter se inspirado somente em um político. "Temos um leque enorme de corruptos para me inspirar. Não são todos, mas, infelizmente, a grande maioria. Temos que superar essa fase do 'não vi nada', 'não sei de nada'. Esse discurso do (Paulo) Maluf parece que colou em todo mundo", opina.
'A ideia é que as pessoas me odeiem'
Ao falar sobre o fato de viver seu primeiro vilão, Palmeira usa o batido discurso do "desafio". "É um clichê, eu sei, mas é a verdade. A ideia é que as pessoas me odeiem, me chamem de filho da puta. Tomara que isso aconteça", torce o ator.
"Ele pode ser um homem que colocará as mãos numa arma. Ele também pode, por exemplo, perder a cabeça em algum momento e dar um soco em alguém. Já vimos político dar soco em eleitor e em jornalista, né? Meu personagem poderia perfeitamente fazer isso", analisa o artista.
Ator descarta carreira política: 'Não tenho talento'
Palmeira, que já foi cotado como um possível candidato para o posto de governador do Rio de Janeiro, diz descartar uma carreira na política, a exemplo do que já fizeram outros famosos. O ex-jogador de futebol Romário, por exemplo, foi eleito senador nas últimas eleições com recorde de votos.
"Já pensei em seguir carreira na política. Se disser que não, estarei mentindo. Mas acho que tenho mais força como ator, isento, do que estando lá dentro, sendo mais um. Acho também que não tenho esse talento, temperamento para ser político. Não conseguiria sustentar uma discussão política com um cara corrupto, por exemplo. Seria muito difícil para mim", diz ele.
(Por Anderson Dezan)