Daniel Alves falou em entrevista ao "Fantástico" sobre sua campanha contra racismo no futebol iniciada após a repercusssão do seu gesto no jogo do domingo (27), quando foi vítima de um ato racista durante a partida entre Barcelona e Villareal. Um torcedor do time rival jogou uma banana em direção ao atleta, o lateral reagiu de forma inesperada, pegando a fruta e comendo antes de bater o escanteio.
"Quando eu cobrei, caiu aqui na minha frente e o meu gesto foi pegar e comer. Mas sem pensar no que aquele gesto ia causar. Tentando dar uma resposta inteligente a um ataque e acabou tendo essa repercussão toda", contou Daniel ao jornalista Marcos Uchoa.
O atleta comentou ainda sobre o envolvimento de uma agência de publicidade na campanha iniciada pelo colega Neymar ainda no mesmo dia do episódio. O craque lançou nas redes sociais a hashtag "#somostodosmacacos". Muitos artistas aderiram a camanha, mas o assunto dividiu opiniões. De acordo com a agência Loducca, essa ideia já havia surgido duas semanas antes.
"Quando aconteceu com ele no campo do Espanhol a gente conversou em fazer uma campanha para ir contra o racismo. Mas a gente não esperava que essa situação fosse acontecer outra vez. Que fossem no estádio com uma banana para jogar em alguém", afirmou Daniel Alves.
A atriz Luana Piovani opinou sobre o episódio e demonstrou total apoio. "Todo mundo comprou a briga. E não deixa de ser uma campanha positiva porque a gente não aguenta mais essa história de preconceito. Então poderia ser uma coisa só muito legal", explica. A apresentadora Fátima Bernardes, em depoimento à reportagem do "Fantástico", também comentou a repercussão. "Se eles tiveram ou não ajuda para esta reação, a mim não incomoda nem um pouco. A gente vê o mundo inteiro discutindo isso. Jogadores do mundo todo. Pessoas do mundo inteiro falando sobre isso", afirmou.
"Eu acho que hoje o acesso à internet está muito, muito grande. Qualquer coisa que se publique na internet, gera uma especulação, gera um debate. Porque não utilizar para fazer algo diferente e criar uma conscientização de que somos todos humanos, somos todos iguais e que vivemos no século XIX e isso não teria mais que existir", acrescentou o jogador, torcendo que esse movimento não caia no esquecimento.
"Hoje, no mundo, acontece uma catástrofe, todo mundo se sensibiliza e tal. Mas depois, acabou. Então, eu não gostaria que isso acontecesse. Porque é algo sério".
Um dia depois do jogo, o torcedor responsável pelo ato foi detido e levado para uma delegacia. Depois de prestar depoimento el foi liberado, mas pode pegar até três anos de cadeia por injúria racial.
"Tem que haver uma punição. Mas eu não acredito que tenha que pagar o mal com o mal. A gente tem que educar. Você não pode combater assim. Banindo do futebol, tirando o emprego. Porque de repente é um pai de família e tem que sustentar a família de alguma forma. São os fortes que perdoam", finalizou Daniel Alves.