O jogador Daniel Alves comentou na tarde desta segunda-feira o gesto cometido por ele em um jogo do Barcelona, válido pelo Campeonato Espanhol, no domingo. Um torcedor do time rival, o Villareal, jogou uma banana em campo quando o atleta ia bater um escanteio. Imediatamente, o brasileiro se abaixou, pegou a fruta, comeu um pedaço e deu prosseguimento à partida.
O gesto contra o racismo ganhou elogios ao redor do mundo, inclusive da presidente Dilma Rousseff. Famosos também aderiram à campanha lançada por Neymar no Instagram: #somostodosmacacos. Nas imagens, celebridades, como Angélica, Luciano Huck e Michel Teló, aparecem segurando bananas.
"Tudo e todos me surpreenderam. Foi uma ação espontânea sem pensar na reação. Não pensei na repercussão e na importância do gesto para a luta contra o racismo. Espero que esse bafafá sirva para alguma coisa. O mundo evoluiu e temos que evoluir com ele. A gente tem que contribuir sempre em prol de melhorar o mundo, seja no futebol ou no cotidiano", pontuou Daniel Alves, à Rádio Globo.
Na entrevista, o jogador do Barcelona disse torcer para que a repercussão em torno do fato sirva para algo. "Somos todos iguais, não existe cor e raça. Somos todos seres humanos e, por dentro, temos a mesma cor de sangue e o mesmo coração. Por isso, o racismo não deveria existir. Ainda mais em um país considerado de primeiro mundo", comentou.
Para Daniel Alves, sua atitude só tinha uma intenção. "Estava preocupado em devolver um gesto negativo com um gesto positivo. Essa foi minha única preocupação", disse. "Essa é uma situação que já vem acontecendo faz um tempo. Aconteceu com outros colegas. Mas sempre encaro situações como essa com humor. A ofensa só chega se o receptor se sente ofendido, caso contrário o objetivo não é alcançado".
O Villareal informou nesta segunda-feira, em nota oficial publicada no site do clube, que o autor do gesto racista foi identificado e banido do estádio El Madrigal pelo resto da vida, ou seja não poderá mais frequentar o local. Ele também teve o carnê de sócio retirado. Segundo Daniel Alves, a punição deveria ser outra.
"Se eu pudesse, pegava uma foto dele e colocava em público, só para envergonhá-lo. Bani-lo do futebol não é a solução, não acho que tenha que tirar uma diversão dele. Com isso você está pagando o mal com o mal. Acho que você tem que educar as pessoas. Tinham que fazê-lo refletir sobre essa atitude dele, afinal, amanhã ele pode ter um filho e nós temos de ser exemplo para nossos filhos", opinou.
O atleta contou que conversou com os pais sobre o assunto e sorriu ao abordar que o pai, Domingos, ficou preocupado que houvesse alguma substância tóxica na fruta: "Eu não acredito que as pessoas sejam tão malignas a esse ponto. Ir ao campo de futebol, levar uma banana envenenada para jogar para um jogador comer. Seria muita maldade do ser humano, não vejo tanta assim (risos). Eu sempre quero acreditar que o ser humano é bom".
Daniel disse que mora há 11 anos na Espanha, que sofre o preconceito normal, mas essa foi a primeira vez que jogaram uma banana para ele. "Acho que seria interessante tomar decisões rigorosas nesse aspectos, até porque não podemos ficar tão atrás, temos que tentar entender que somos todos iguais. Espero que essa repercussão seja válida e que as autoridades que estão no controle possam tomar decisões em prol de combater isso, porque é muito vergonhoso".