O Carnaval de 2022 no Rio de Janeiro teve mais um voto contra nesta quarta-feira (12). Margareth Dalcolmo, cientista e infectologista que é referência em assuntos envolvendo a pandemia, avaliou que a festa na Sapucaí, embora defendida pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e pelo governador Claudio Castro (PL), não pode garantir um controle de circulação de vírus.
"O vírus se alastra que nem um rastilho de pólvora", avaliou a pesquisadora em conversa com o colunista Ancelmo Gois, do jornal "O Globo". "Sinceramente, não sei como pode-se controlar aquela multidão que sempre vai à Avenida", disse.
Vale lembrar que, a cada dia, mais internautas lotam as redes sociais de Paes e Castro para pedir o cancelamento do desfile das escolas de samba. De acordo com muitos foliões, a festa Sapucaí, se acontecer, viraria um centro da variante ômicron. A decisão final e oficial do comitê científico do município só vai ser tomada no dia 24 de janeiro.
Dalcolmo não é a única a se preocupar com a aglomeração gerada nos dias de desfile. O assunto começou a ser levantado depois que os blocos de rua, mais urgentes em termos de organização, ganharam um desfecho negativo na cidade.
O principal argumento das autoridades e órgãos públicos, na hora de avaliar a Sapucaí, é justamente pontuar as vantagens do Sambódromo em relação ao Carnaval de rua. Afinal, de acordo com o prefeito, o desfile das escolas de samba seria uma espécie de estádio de futebol, ou seja, um local capaz de exigir passaporte da vacina, máscara e álcool em gel.
Mas, ainda assim, cientistas estão receosos. Na semana passada, um membro do comitê científico chegou a dizer que desaconselhava a festa na Avenida. Em resposta, Claudio Castro afirmou que a fala era apenas uma opinião de um pesquisador, não um posicionamento oficial do órgão. Para completar, disse que a variante ômicron, que tem gerado preocupação, é mais semelhante a uma gripe que a uma pneumonia.
Dalcolmo, por sua vez, embora não tenha citado Castro, declarou que tem ficado cada vez mais impressionada com a velocidade de contaminação da nova cepa da Covid. "Basta uma pessoa ser contaminada. Dificilmente o resto da família não será também", avaliou Dalcolmo.