A irreverência e o humor ácido de Rita Lee estão presentes até mesmo entre as notícias da morte da cantora, que faleceu aos 75 anos de idade, na noite de segunda-feira, em sua casa, em São Paulo.
Tudo porque Rita deixou, em uma de suas autobiografias, uma previsão do que aconteceria após a sua morte. Intitulado "Profecia", o capítulo do livro traz um trecho surpreendente - mas só para quem não acompanhou a trajetória da roqueira.
Apesar do desejo de ter seu corpo cremado, revelado pela família no comunicado oficial sobre sua morte, Rita Lee deixou registrada a frase que poderia constar em seu epitáfio: "Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa".
E enumerou reações de diversas pessoas à notícia de sua partida: "Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída".
"Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão "Ovelha Negra", as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair", opinou a artista, diagnosticada com câncer de pulmão em 2021. "Nas redes virtuais, alguns dirão: 'Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk'", divertiu-se.
Mas falou sério ao se referir aos políticos: "Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los", disparou. "Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: 'Thank you Lord, finally sedated' [Obrigada, Senhor, finalmente sedada, em livre tradução]".