Roberto de Carvalho, marido e parceiro musical de Rita Lee, abriu o coração em uma entrevista emocionante para a revista Veja, pouco mais de um mês após a morte da cantora, vítima de um câncer no pulmão que resultou em uma metástase. O artista revelou como tem sido as primeiras semanas longe da companheira de 46 anos.
"Tenho altos e baixos. Tem horas em que estou em paz com o que aconteceu. Tem horas em que desabo. Particularmente, não creio que eu possa algum dia ter a coragem que ela teve de passar por tudo que passou. Depois que ela subiu, tive até certo alívio com o fim do flagelo. Por outro lado, morreu um pedaço de mim também. Estou no processo de entender quem sou e o que sobrou de mim após toda essa situação", disse Roberto.
Em um trecho de seu último livro, "Outra autobiografia", Rita revela o desejo de ser cremada e que suas cinzas sejam jogadas na horta do sítio da família. O primeiro foi atendido, já o segundo vai esperar mais um pouco por um motivo emocionante.
"As cinzas da Rita estão aqui em casa, num altar. Vamos jogá-las no jardim, mas só quando eu subir e encontrar com ela. Quero ser cremado e que as minhas cinzas sejam misturadas com as dela. Aí nossos filhos decidem o que fazer. Nesse meio tempo, ela fica aqui pertinho de mim", conta Roberto.
Rita descobriu o câncer no pulmão em abril de 2021. A princípio, teve uma expectativa de vida de meses, mas resistiu bravamente durante dois anos. Segundo Roberto, os últimos meses da esposa foram difíceis por conta das dores, que chegaram a impossibilitá-la de andar.
Os últimos instantes de vida de Rita foram como ela sempre desejou: rodeada daqueles que mais amava. "Estávamos eu e meus filhos, além das enfermeiras. Não foi uma coisa pesada. Ela foi apagando pouco a pouco. A respiração foi... [interrompe a resposta emocionado]. Não teve drama, foi como uma chama se extinguindo. Foi como um passarinho machucado. Eu queria ter ido junto. A gente planejava ir junto, sabe? Foi o que a gente sempre quis. No fim, ela já não estava falando mais nada. Ela abria os olhos e dormia", disse o músico, ainda em entrevista à revista Veja.