Xuxa é tema de uma grande reportagem publicada pelo jornal americano The New York Times nesta terça-feira (15). A matéria relembra o legado da apresentadora em 40 anos de televisão e, também, tece críticas sobre como a ascensão da estrela contribuiu para criar um padrão de beleza que não reflete a diversidade do Brasil.
"Xuxa já foi a maior estrela da TV brasileira. Agora muitos estão se perguntando se uma mulher branca, magra e loira era o ídolo certo para um país tão diverso", diz o subtítulo da matéria, intitulada "Ela era a Barbie do Brasil. Agora ela está pedindo desculpas".
A reportagem destaca que, assim como Xuxa, o elenco de seu programa era formado por meninas magras, loiras, brancas e, quase sempre, de olhos claros. O jornal informa que, graças à repercussão de seu documentário na Globoplay, voltaram à tona discussões sobre o impacto da popularidade da estrela em um país de maioria negra, que, agora, debate os padrões de beleza impostos e o apagamento de quem não atendia a tais critérios.
Em entrevista ao jornal, Xuxa admitiu parcela de culpa pela falta de diversidade em seu programa, fator considerado primordial para o abalo da autoestima de meninas pretas crescidas entre as décadas de 1980 e 1990. "Eu não via isso como errado naquela época. Hoje sabemos que é errado", destacou a apresentadora.
Xuxa lamentou o impacto que causou em meninas que não eram brancas e loiras. "Deus, que trauma eu coloquei na cabeça de algumas crianças. Não fui eu quem tomou a decisão, mas eu apoiei. Eu assinei embaixo", disse ela, em uma nítida referência a Marlene Mattos.
Apesar da mea culpa, Xuxa frisa que os padrões da época não eram diferentes do que ela apresentava no programa: "Na década de 1980, você não conseguia encontrar uma novela em que a empregada não fosse negra. Não é culpa do 'Xou da Xuxa'. A culpa é de tudo o que nos foi repassado como normal".