Alice Wegmann sentia vergonha de seu corpo. Durante muito tempo, a atriz deixou de usar regata porque tinha horror aos ombros e braços largos, resultado de 8 anos praticando ginástica olímpica, 7h por dia. Em 2016, a jovem que hoje tem 22 anos se viu com uma compulsão alimentar. "Compulsão alimentar é um distúrbio alimentar, ou seja, é um quadro psiquiátrico que necessita de tratamento adequado, normalmente feito com terapia, nutricionista e, quando necessário, auxílio do psiquiatra para entrar com medicação", explica ao Purepeople a psicóloga clínica Vanessa Tomasini, idealizadora do projeto #VcTemFomedeQue?, que tem como objetivo reavaliar a relação das pessoas com a comida e com o corpo.
Além de contar com a meditação para emagrecer, Alice superou a compulsão com análise. "Psicologia, nutrição e psiquiatria são três áreas que caminham de mãos dadas no tratamento dos distúrbios alimentares no geral. E, hoje em dia, a gente também traz fisioterapeutas para esse tratamento porque eles ajudam na questão da distorção da imagem, que é muito comum", conta a psicóloga Vanessa.
Segundo Vanessa, o comer na compulsão alimentar é usado para compensar sentimentos: "Comida é algo que traz muito prazer. Comida é uma forma de demonstrar carinho e afeto pelas pessoas quando a gente cozinha, faz um jantar, ou quando a gente dá uma caixa de bombons. Então a comida tem um apelo muito forte, mas o que acaba acontecendo é que, às vezes, ela entra como um bálsamo para os momentos de aflição, e aí acaba não sendo tão bacana. A ociosidade também faz com que as pessoas comam mais do que precisam, do que a sua fome."
A eficácia do tratamento da compulsão alimentar está fortemente ligada à compreensão do que está por trás dele. "Entender qual é a relação que essa pessoa mantém com a comida e qual é a relação que ela mantém com o seu corpo e com si mesma com certeza é o que faz tanto o tratamento de um distúrbio alimentar ser efetivo, quanto melhorar a vida de muitas pessoas que já têm esse comer transtornado, que é o fato de perder a naturalidade ao comer – não ao ponto de desenvolver uma anorexia nervosa, ou um quadro de compulsão alimentar – mas de ter uma grande preocupação com o peso, o comer, a forma e o tamanho do corpo", afirma a psicóloga.
(Por Vanessa Nogueira)