Assim como Marina Ruy Barbosa, que dispensou o título de "princesinha", Sophia Abrahão revelou que precisou se livrar do mesmo rótulo. Para a revista "Glamour" de dezembro, a apresentadora contou que foi alvo de machismo por conta de seus trabalhos na TV: "Sinto o machismo no dia a dia, em uma roda de homens em que minha opinião não é levada em conta, em reuniões de trabalho... Já fiz muitas personagens patricinhas, bonitinhas, certinhas. E as pessoas acabaram me identificando como princesa. E uma princesa não tem muita opinião, né?".
"A princesa vai aceitando, e por um bom tempo eu me calei. Fui me colocando nesse lugar e, ok, estava confortável, então ficava quieta. Quando eu entendi que me excluía e me anulava nas conversas, nas opiniões, nas decisões e nas atitudes, mudei. Aprendi a falar 'não', por exemplo. Antes eu só falava 'sim'", refletiu a dona do hit "Rebola".
Sophia, com planos de tomar as rédeas da carreira musical, fez uma reflexão sobre feminismo e disse que está satisfeita que o assunto está ganhando destaque: "Ainda bem que começamos a ter esse diálogo aberto. Antes, feminismo era um tabu. Eu me posicionava e ouvia: 'Nossa, a Sophia é feminista!'. Como se fosse um palavrão, uma coisa errada, um radicalismo. Não, gente! A luta é pela liberdade de fazer o que você quiser – inclusive sair com o peito de fora! Não entendo quando falam: 'Não sou feminista porque sou vaidosa, porque pinto a unha'. Uma coisa não exclui a outra. Feminismo é liberdade".
Porém, Sophia ressaltou que nem sempre seguiu o feminismo e chegou a ter comportamentos machistas: "Minha mãe [a empresária Branca Abrahão] sempre trabalhou fora, foi independente. Então, nunca acreditei em depender de marido, ganhar menos...Mas é óbvio que a gente sempre tem uma questão dentro da gente que vem da sociedade mesmo. Tipo julgar as outras mulheres e não ter sororidade. Aquilo de dizer: 'Ah, é claro, com essa saia curta, ela estava pedindo'. Admito que tinha esse pensamento e hoje vejo o quão absurdo ele é. Que surreal é a gente deixar de fazer alguma coisa por medo do julgamento, do olhar do outro. Mudei muito, ainda bem!'".
Namorando Sérgio Malheiros, com quem se 'casou' em uma festa junina, há 3 anos, Sophia entregou situações de racismo que o namorado passa: "O Sérgio é negro, né? Acho engraçado porque é outra palavra que é um tabu: 'negro'. As pessoas preferem moreno, mulato... Eu falo que namoro um negro e respondem: 'Ah, mas ele não é negro, é moreno', ou 'Ele não é tão escuro'. Que loucura isso! Não é essa a questão. Acho que o Sérgio nunca sentiu o preconceito na pele porque é famoso desde os 5 anos e a fama deve tê-lo blindado de muita coisa. Com a gente nunca teve um episódio específico de racismo.Mas escuto muito isso, que ele não é negro, o que já é uma forma de preconceito. Sempre acho triste quando falam: 'Não tenho preconceito, inclusive tenho um monte de amigo negro. Ou gay...'. Oi?".
(Por Tatiana Mariano)