Roberto Carlos não faz mais parte do grupo "Procure Saber". Segundo o jornal "O Globo", Dody Sirena, empresário do cantor, enviou um e-mail na noite desta terça-feira (05) ao demais integrantes da associação, entre eles Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, informando a decisão. "Caminhamos bastante e divergimos algumas vezes. Sabemos que, no futuro, tudo isso será um grande exemplo de movimento coletivo", escreveu Dody na mensagem.
De acordo com a publicação, o e-mail teve um tom cordial, comparando o grupo "Procure Saber" a uma seleção de futebol, em que os jogadores se encontram, mas depois voltam a seus times. O empresário garantiu que outros assuntos poderão voltar a unir Roberto e os demais artistas da associação no futuro, como direitos autorais, plataformas digitais e questões trabalhistas.
O desligamento de Roberto do grupo já era esperada. A forma como o debate sobre as biografias não autorizadas foi conduzido teria levado o cantor a tomar essa decisão. Caetano, Chico e Gil sempre se manifestaram publicamente a favor da privacidade dos biografados. A posição fez com que os artistas fossem criticados nas redes sociais, sendo interpretados como a favor da censura.
Roberto, que em 2007 conseguiu retirar das livrarias a biografia "Roberto Carlos em detalhes" a partir do argumento de ofensa à sua honra, não se manifestou publicamente sobre a questão. Esse silêncio irritou os demais integrantes do grupo.
Após muita pressão, Roberto concedeu uma entrevista ao "Fantástico". No programa, ele, no entanto, disse ser a favor das biografias não autorizadas, mas "com certos ajustes". A posição irritou Caetano Veloso. "RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei", escreveu o cantor em sua coluna no jornal "O Globo".
O grupo "Procure Saber" foi criado no primeiro semestre de 2013 com a meta de brigar por mudanças na administração dos direitos autorais no Brasil. Desde outubro, a associação vem se manifestando contra à mudança no artigo do Código Civil que permite que biografados proíbam a publicação de biografias quando elas "lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais".
A mudança foi solicitada em uma ação movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) no Supremo Tribunal Federal (STF). Por causa dessa ação, uma audiência pública será realizada em Brasília, nos dias 21 e 22 de novembro, antes que os ministros do STF decidam sobre a questão.