Intérprete da rebelde Rochelle da novela "Segundo Sol", Giovanna Lancellotti consegue defender sua personagem e afirma que a jovem tem, sim, um lado amoroso. "Aparentemente a Rochelle não gosta de ninguém, mas no fundo acho que ela gosta de todos eles, inclusive da Manuela (Luisa Arraes). Acredito que isso é uma defesa dela", opina em entrevista ao Purepeople. "Isso é complicado para mim ainda. Temos grandes filões na trama e todos eles têm um lado de amor. A Laureta (Adriana Esteves) gosta do Ícaro (Chay Suede). A Karola (Deborah Secco) ama o Valentim (Danilo Mesquita) e o Beto (Emilio Dantas)", exemplifica. Na trama das nove, a filha de Edgar (Caco Ciocler) tem uma relação conturbada com a irmã de criação, a quem já traiu e foi traída.
Para a atriz, as atitudes da garota têm uma explicação. "A Rochelle é a pessoa que prefere apontar o defeito antes de ser apontada. E no fundo é um ciúme", acrescenta. Segundo Giovanna, o comportamento da jovem que já apanhou do pai durante briga pode ser mudado. "Acredito que tem gente que nasce com um caráter duvidoso, acredito que é desde criança. E não acho que isso seja irreversível", diz, aconselhando: "É importante os pais ficarem de olho nos pequenos atos para ir corrigindo e a Rochelle não teve essa atenção. Por mais que os pais fossem maravilhosos e dessem tudo para ela financeiramente, faltou afeto. Faltou atenção". Na opinião da artista, a neta de Severo (Odilon Wagner), com quem troca ameaças por conta de dinheiro, não teve a orientação devida. "Não acho que tenha sido uma má criação e sim uma criação liberal demais. Onde ela não sabe o valor das coisas, que teve sempre seu dinheiro na conta, não teve que correr atrás de nada. E uma falta de atenção, de conversa com o filho", defende.
Um dos destaques do folhetim de João Emanuel Carneiro, Giovanna afirma que a presença da irmã de criação dificultou a educação dada à Rochelle. "Como a Manuela foi adotada, teve a mãe que foi presa, ela separada do irmão. Por ela ser uma menina mais frágil, ela ficou com toda a atenção. Daí surgiu um ciúme da família achar que ela gosta mais da Manuela e não era isso, eles só estavam tentando tapar um buraco que uma menina tinha", defende. Se a atriz consegue ver uma relação de afeto com Manu, o mesmo não acontece com Narciso (Osmar Silveira). "Ninguém esperava essa reação, nem eu imaginava. Achei que ela fosse ficar brava com ele por ser toada ligada à dinheiro. Mas a Rochelle tem no fundo uma relação carnaval, uma ligação com o sexo bem forte", diz. "Tem o negócio do dinheiro, mas não é só isso. Ela faz a maldade não é só por grana, é por ela também. E como o Narciso mentiu e conseguiu engana-la por um tempo, ela viu nele um parceiro em potencial. Não que seja um grande amor, mas sim um grande parceiro", acrescenta.
Por isso mesmo, ela crê que sua personagem fica mais mexida quando está com Acácio (Danilo Ferreira). "A Manu tem a dependência. Ele é uma fuga por ser quem oferece droga para ela. No caso da Rochelle ela sempre dava em cima do Acácio para provocar a Manu. Quando a Manuela dá a brecha do Narciso ela vê uma oportunidade perfeita para chegar alI. Mas essa troca não dura muito tempo. Eu adoraria que sim, porque o Acácio desperta na Rochelle um lado diferente que quase ninguém tem despertado", afirma. "Ele desperta uma curiosidade e ela é muito preconceituosa, racista. E ele quebra ela nisso. Ela se vê perdida com os conceitos dela quando está com ele. Acredito que ele pode trazer humanidade para ela", opina.
Apesar do comportamento nada exemplar, a atriz tem ouvido telespectadores dizerem que gostam da filha de Karen (Maria Luisa Mendonça), alvo constante da rebelde. "Muito! Recebo muita gente comentando: 'é pecado amar a Rochelle'? E fico feliz com isso. E ela fala tudo que pensa, mas não que eu ache isso certo", pondera. "Ela é verdadeira, muito autêntica, determinada. E tem uma autoestima maravilhosa. A melhor pessoa do mundo para ela, é ela", conta. Quem também não escapa da língua afiada de Rochelle é Zefa (Claudia Di Moura), sua avó paterna, algo que a garota sequer desconfia. E ao ser questionada sobre qual será a reação da jovem ao saber que tem uma vó negra, a atriz sai pela tangente. "Nem penso nessas cenas. Não penso lá na frente. A Rochelle não sabe o que vai acontecer lá na frente, mas isso pode ser um tapa na cara dela bem dado", diz. "De tudo que ela acreditou a vida inteira. De tudo que ela falou, dos princípios, do que ela achava. De ser tudo uma mentira. Dela ter que reformular tudo o que ela acha. Ter que ressignificar tudo que ela sempre acreditou, principalmente com a Zefa que é uma personagem que ela implica, humilha. Pode ser uma grande virada da personagem quando ela descobrir", indica.
Já em relação ao avô paterno, ela vê semelhanças entre Rochelle e Severo. "Ela se acha muito esperta, mas não é tão esperta assim. Ela é uma menina nova, está no início dessa fase adulta. O Severo é muito mais esperto que ela. A Rochelle puxou esse lado do avô, eles são parecidos, mas ele tem 70 anos e ela 20. Claro que ele é muito mais esperto. Às vezes ela acha que está no poder, mas não está e acredito ele vai virar esse jogo", indica. A atriz defende ainda as cenas mais sensuais, bem como a abordagem da prostituição. "Acho tão bonito. Não está uma cosia explícita, às mulheres não estão seminuas, elas estão sempre de lingerie. São cenas com detalhes de mão, de toque, de não são explícitas. São cenas mais fechadas e acredito que torna tudo mais bonito. Por mais que tenham bastantes cenas de sexo acho importante desmistificar o lado do sexo. Não é só a carne", dispara. "Teve uma cena linda de amor da Rosa (Leticia Colin) com o Valentim que foi a primeira cena de amor deles e foi completamente diferente. Foi com tempo, foi uma cena de amor. Era diferente de pregação. Acho importante levantarmos o tema da prostituição, no caso da Rosa, mostrar isso", defende.
(Com apuração de Patrick Monteiro e texto de Guilherme Guidorizzi)