A morte da Rainha Elizabeth II, aos 96 anos causou um sentimento de luto coletivo. Monarca com o reinado mais longo da história – ocupou o trono por 70 anos – a majestade vinha dando sinais de fragilidade nos últimos meses. No dia 8 de setembro foi anunciado o seu falecimento, em Balmoral, no Reino Unido.
O psicólogo André Barbosa, que atua na terapia cognitivo-comportamental, explica o que gerou essa sensação de perda em todo o mundo. "Simbolicamente, o povo britânico amanheceu órfão de mãe. Se aqui ela é querida, lá ela é reverenciada", afirma.
André, que morou por 3 anos na Inglaterra, e pode atestar o quando a Rainha Elizabeth II era querida. "Seja porque foi o reino que mais se expandiu em território, porque foi a família real que mais rendeu cobertura entre tabloides, filmes, livros, moda... ou porque foi a rainha que simbolizou a resistência contra o nazismo, a Rainha Elizabeth esteve presente nos principais momentos históricos das últimas décadas", comenta.
"Portanto, mesmo involuntariamente, ela fez parte dos nossos lares, das nossas casas, da nossa família. Todos tinham o sentimento de ser próximos daquela velhinha simpática e querida", acrescenta.
O psicólogo explica que o sentimento de luto coletivo vai ser processado pela população de maneira natural. "Será mais uma dessas pessoas especiais que saem da vida para marcar a história". Já em relação aos familiares de sangue, André Barbosa afirma que terão que passar pelo processo completo, definido por cinco fases. Saiba quais são:
1ª Negação e isolamento: "São mecanismos de defesa do nosso psiquismo diante da dor. Surgem alguns sentimentos e comportamentos de negação e questionamentos, como o 'por quê?'. O especialista conta que também pode haver o medo de olhar fotos e reviver lembranças.
2ª Raiva: André destaca que, nessa etapa, surge a necessidade de se expressar: "Pode vir a revolta, o sentimento de injustiça, como 'eu não mereço isso'".
3ª Negociação e Barganha: "Aqui começam as tentativas de negociação com a emoção, ou com o 'culpado' pela situação. Surgem pensamentos como: 'E se eu tivesse sido mais presente?' ou 'Se eu tivesse feito isso ou aquilo?'".
4ª Depressão – Tristeza, desolamento, culpa e medo são emoções comuns nesta fase. "Surge então o sentimento de grande perda. 'Será que as coisas ficarão bem?', 'Não consigo lidar com isso!' ou 'A culpa é minha? Será que vou conseguir superar essa perda?'".
5ª Aceitação: "Não se trata de um estágio de felicidade, mas sim de um estágio no qual a pessoa já tenta modificar o sentimento de tristeza, aceitando a perda, buscando a ajuda necessária para superação. "Vou melhorar a cada dia", "Ele (ela) se foi, mas tive muitos momentos felizes", "Que sorte a minha de ter conhecido e convivido com essa pessoa!", são alguns dos novos pensamentos. A dor vai embora e dá lugar às recordações felizes.