Rita Lee morreu há 16 dias depois de dois anos de luta contra um câncer no pulmão. Antes de partir, a cantora deixou aos fãs a obra que chamou de seu último ato: o livro "Outra autobiografia", lançado nesta segunda-feira (22), conta com detalhes a batalha travada para vencer a doença.
No entanto, Rita não estava disposta a princípio a encarar o tratamento. Tudo isso por conta do trauma vivenciado ao lado da mãe, Ramilda, que também lutou contra um câncer. A cantora, então, considerou a eutanásia para não vivenciar as dificuldades da quimioterapia e da radioterapia.
"Disse a ele [ao médico] que minha vida tinha sido maravilhosa e, que por mim tomava o 'chazinho da meia-noite' para ir desta para melhor. Que me deixassem fazer uma passagem digna, sem dor, rápida e consciente. Queria estar atenta para logo recomeçar meu caminho em outra dimensão. Sou totalmente favorável à eutanásia. Morrer com dignidade é preciso", escreveu Rita.
Rita só mudou de ideia depois de conversar com os filhos, Beto, João e Antônio, e o marido, Roberto de Carvalho. "O amor dos boys Carvalho/Lee me fez optar por aceitar fazer o tratamento, porque, se fosse por mim, adeus mundo cruel na boa", conta a rockstar.
Ao longo de 192 páginas, Rita expõe detalhes dramáticos de seu tratamento, mas conforta os leitores ao expor a relação tranquila com a morte.
"Posso me imaginar num jardim maravilhoso rodeada de bichos e dos que partiram da minha família antiga. Ou então vou me desmanchar num microátomo, ser parte do Todo e desvendar os mistérios que tanto questionei quando estava viva. Morte deve ser o grande gozo final da vida: aonde quer que eu vá, lá estarei eu", diz um trecho da obra.