Conhecido por escrever novelas que descrevem bem o povo brasileiro e criador de personagens que emocionam a todos, Manoel Carlos completa nesta sexta-feira (14) 81 anos e se despede da sua última "Helena". "Em Família", atual trama do horário nobre da TV Globo, é a 15ª novela de Maneco e a última, já que o autor pretende se dedicar a trabalhos mais curtos e escolheu a atriz Julia Lemmertz para interpretar sua última Helena em homenagem à mãe da atriz, Lílian Lemmertz, que interpretou a primeira de suas tramas. "Essa novela é uma dívida que eu tinha com a Lílian", declarou o autor.
Além de ser um renomado autor de novelas, Manoel Carlos já escreveu duas minisséries e um seriado na emissora. Em entrevista à revista "Veja", o novelista contou que escrever esta novela foi como uma terapia para ajudar a superar a morte do segundo filho, que faleceu em 2012 vítima de ataque cardíaco. Ele falou que aos 80 anos poderia se dar ao luxo de não mais trabalhar, mas o faz por opção. O primeiro filho de Manoel Carlos faleceu na década de 80, vítima de Aids.
"Algumas pessoas podem pensar que estou sendo forçado a fazer essa novela. Não. Depois da morte do Maneco, meu filho, fui chamado pelo Manoel Martins (diretor de entretenimento da Globo). Ele disse que eu poderia ter feito o que quisesse: trabalhar, viajar ou ficar em casa sem fazer nada. Respondi que queria fazer uma novela o mais rápido possível, só um trabalho tão pesado será capaz de afastar um pouco meu pensamento dessa perda", explicou o dramaturgo.
Em recente entrevista à revista "Quem", autor foi questionado sobre felicidade e declarou que para se julgar feliz é preciso fazer uma certa "contabilidade": "Perdi dois filhos. Um em 1988, com 32 anos, e outro com 58 anos. Perdi a minha primeira mulher (Maria de Lourdes), mãe dos dois, com 37 anos, então, fiquei viúvo aos 38. A morte de um filho é uma punhalada da qual você nunca se recupera. Mas também tive coisas felizes na minha vida, como quando nasceu um filho que eu nem esperava, o Pedro. Ter saúde é bom. Sou casado pela terceira vez, com a Beth, mãe da Júlia, de 30, e do Pedro, há 35 anos. Tenho uma filha do meu segundo casamento (com a deputada estadual pelo Rio de Janeiro Cidinha Campos), a Maria Carolina, de 41, que é minha colaboradora e me deu uma netinha de 13 anos. Tenho três netos adultos, filhos do meu filho mais velho. O balanço é sempre positivo. Se você está vivo, ainda pode ser feliz durante um tempo".
As "Helenas" de Maneco
- Em 1952, Manoel Carlos escreveu sua primeira Helena. Mas engana-se quem acha que foi uma personagem. Este foi o nome dado a primeira novela do autor, que foi exibida pela TV Paulista e baseada no Romance de Machado de Assis.
- Novela "Baila Comigo", em 1981, Lílian Lemmertz foi a primeira personagem "Helena" escrita por Manoel Carlos.
- Quase 10 anos depois, em 1991, a novela "Felicidade" trouxe Maitê Proença como a segunda "Helena" do autor.
- Em "História de Amor", exibida pela primeira vez em 1995 e atualmente reprisada pelo canal Viva, teve Regina Duarte interpretando a primeira Helena de sua carreira e terceira na trama de Maneco.
- Em 1997, na novela "Por amor", Regina viveu a sua segunda Helena contracenando com a filha, Gabriela Duarte. Foi a quinta Helena do autor.
- Em "Laços de Família", no ano 2000, Vera Fischer foi a sexta atriz a dar vida a personagem.
- Christiane Torloni, em 2003, foi a sétima atriz escolhida para viver a personagem na novela "Mulheres Apaixonadas".
- "Páginas da Vida", que foi ao ar em 2006, interpretou uma médica que adotou uma criança com Síndrome de Down. Pela terceira vez, Regina Duarte vive a oitava Helena de Maneco.
- Em 2009, na novela "Viver a vida", Taís Araújo interpretou a primeira Helena negra das tramas de Maneco, que acabou sendo alvo de críticas. A atriz falou recentemente sobre a personagem e definiu um dos papéis mais difíceis da carreira.
- E para finalizar o ciclo de Helenas e novelas na carreira de Manoel Carlos, "Em Família", atual novela das nove, Julia Lemmertz, filha da primeira protagonista do autor, Lilian Lemmertz, foi escolhida para assumir o papel.