Biografia
Manoel Carlos é um autor de novelas conhecido por escrever dramas familiares e ambientar suas tramas no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. No entanto, apesar de sua paixão pela cidade, onde vive, nasceu em São Paulo. Filho de comerciante José Maria Gonçalves de Almeida e da professora Olga de Azevedo Gonçalves de Almeida, já trabalhou como auxiliar de escritório e bancário.
Aos 14 anos, passou a integrar o grupo Adoradores de Minerva formado por jovens que se reuniam diariamente na Biblioteca Municipal de São Paulo para ler e discutir literatura e teatro. Aos 17 anos, passou a trabalhar como ator na TV Tupi paulista, atuando no "Grande Teatro Tupi", sob direção de Antunes Filho. No ano seguinte, em 1952, foi premiado como ator revelação e estreou como produtor e diretor, além escrever seus primeiros programas. Foi no ano de 1953 que integrou a equipe da fase inaugural da TV Record. De lá saiu para atuar na Companhia Maria Della Costa de teatro.
Entre 1955 e 1959, Manoel Carlos passou por várias emissoras, como a TV Record, de São Paulo; a TV Itacolomi, de Belo Horizonte; a TV Rio e a TV Tupi, do Rio de Janeiro. Nesse período, além de atuar e dirigir, adaptou mais de 100 teleteatros, conciliando com seu trabalho para o "Jornal do Commercio", em Recife, e em diversas companhias de teatro.
Na década de 60, ele participou das últimas produções da TV Excelsior. Nessa época, na TV Rio, Manoel Carlos dividiu a redação do programa "Chico Anysio Show" com Ziraldo e Mário Tupinambá e ainda assinou a direção da atração. Em 64, foi um dos criadores da Equipe A, que durou até 1970. O grupo criou, escreveu e produziu programas como "Hebe Camargo", "O Fino da Bossa", "Bossaudade", "Esta Noite se Improvisa", "Alianças para o Sucesso", "Pra Ver a Banda Passar" e "Família Trapo". Ele ainda esteve à frente dos shows de entrega do troféu Roquette Pinto, promovidos pela Record.
Manoel Carlos estreou na Globo em 1972, como diretor-geral do "Fantástico". Trabalhou no programa por três anos ao lado de Maurício Sherman, Augusto César Vannucci, Paulo Gil Soares e Luiz Lobo. Nessa época, participou também do "Globo Gente", um programa de entrevistas comandado por Jô Soares, e trabalhou na equipe de redação do programa "Chico Total", de Chico Anysio.
Em 1978, após fazer mais de 150 adaptações para a TV, transformou em novela o romance "Maria Dusá", de Lindolfo Rocha, com o título "Maria, Maria". A primeira telenovela de Manoel Carlos na TV Globo foi com direção de Herval Rossano, estrelada por Nívea Maria, no horário das 18h. No mesmo ano, o autor adaptou o romance "A Sucessora", de Carolina Nabuco, no mesmo horário.
Em 1980, escreveu alguns episódios do seriado "Malu Mulher", protagonizado por Regina Duarte. No mesmo ano, teve a sua primeira experiência no horário das 20h após ser convidado pelo autor Gilberto Braga, com quem dividiu a autoria a partir do capítulo 57, da premiada novela "Água Viva".
No ano seguinte, Manoel Carlos escreveu "Baila Comigo", sua primeira novela com roteiro original, no horário das 20h, de grande sucesso, sobretudo pela personagem Helena, então vivida por Lilian Lemmertz. O nome Helena passaria a ser utilizado pelo autor em todas as suas novelas, como uma marca de heroínas fortes de classe média. Em 2014, o autor resolve fechar o ciclo de Helenas em telenovelas e convida a filha de sua primeira, a atriz Julia Lemmertz, para interpretar o papel na novela "Em Família", exibida no horário das 21h pela TV Globo.
Passou pela TV Manchete, na implantação do núcleo de dramaturgia, escrevendo a novela "Novo Amor" e duas minisséries. Teve uma passagem pela TV Bandeirantes e pelo canal colombiano RTI. O autor foi o primeiro brasileiro a criar roteiros originais especialmente para a TV americana de língua espanhola, que foram vendidos também para outros países da América Latina.
As Helenas de Maneco
O novelista retornou à Globo em 1991, quando escreveu "Felicidade", na qual Maitê Proença viveu a segunda Helena escrita por Maneco. Em 1993, adaptou dois contos de Mário de Andrade para o especial "O Besouro e a Rosa". Em 1995, assinou a novela "História de Amor", exibida no horário das 18h, e teve a Helena interpretada por Regina Duarte.
Em 1998, lançou "Por Amor", com mais uma Helena vivida por Regina Duarte. O autor trabalhou a polêmica atitude de uma mãe que abre mão de seu filho em nome da filha, que perdera seu bebê horas depois do parto. O alcoolismo e o trabalho dos Alcoólicos Anônimos, através do personagem Orestes, de Paulo José, foram temas abordados na história.
Em 2000, lançou a novela "Laços de Família" no horário das 20h. Ambientada no Leblon, a trama de Manoel Carlos pontuou a história com dramas familiares, partindo de um triângulo amoroso entre o jovem Edu (Reynaldo Gianecchini), Helena (Vera Fischer) e sua filha, Camila (Carolina Dieckmann). O ápice da trama se dá quando Camila descobre que é vítima de leucemia e Helena decide engravidar para gerar um doador de medula compatível com a filha.
Em 2003, escreveu "Mulheres Apaixonadas", que tinha no elenco Christiane Torloni no papel de Helena. Na trama, foram abordadas questões relacionadas ao preconceito contra o idoso no Brasil, apresentadas a partir do casal vivido por Carmem Silva e Louzadinha. Além disso, a trama retratou o lesbianismo, a violência contra a mulher e o celibato, entre outros assuntos.
Em 2006, Manoel Carlos escreveu sua sétima novela para o mesmo horário: "Páginas da Vida", na qual Regina Duarte interpretou sua terceira Helena. Em 2009, assinou sua segunda minissérie na Globo, inspirada na biografia da cantora Maysa. Exibida em nove episódios, "Maysa – Quando Fala o Coração" foi dirigida por Jayme Monjardim, filho da cantora, e protagonizada pela atriz Larissa Maciel. No mesmo ano, escreveu a novela "Viver a Vida" (2009), também dirigida por Jayme.