Janja da Silva, futura primeira-dama do Brasil, falou abertamente sobre as críticas que recebeu por membros da campanha do PT durante o período eleitoral. Casada com Luís Inácio Lula da Silva há seis meses, a participação ativa da socióloga na corrida presidencial gerou incômodo em diversas esferas, que criticaram a influência dela em decisões e, também, a proteção ao marido.
Em entrevista ao Fantástico deste domingo (13), Janja afirma que não se incomodou com estas críticas. "A opinião que importava pra mim nesse momento da campanha era do meu marido. Se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo. Até segurança", contou.
Questionada pela jornalista Maju Coutinho, Janja concordou que essas críticas carregam machismo e ciúmes. "Houve machismo porque talvez a figura do Lula por si só se bastasse. E agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele em algumas coisas, entendeu? Então hoje, acho importante olhar pra ele, olha pra ele e também estar me vendo. Isso não acontecia antes. Só olhava para ele. E hoje ele tem um complemento, uma soma, que sou eu. E não é porque eu estou do lado dele. É porque eu sou essa pessoa. Eu sou uma pessoa que é propositiva. Que não fica sentada. Que vai e faz", frisou.
As declarações de Janja sobre as críticas pela influência nas atividades do marido foram gravadas antes da polêmica com a jornalista Eliane Cantanhêde, mas se encaixaram perfeitamente aos apontamentos dela durante comentário na GloboNews. A comunicadora questionou o motivo de a socióloga estar sentada ao lado de Lula durante encontro com aliados em reunião da transição de governo.
"Ela estava ali sentada, mas ela não é presidente do PT, ela não é líder política, ela não é presidente de partido, enfim, por que ela estava ali? Qual era o papel da primeira-dama?", questionou Eliane.
Eliane também foi acusada de reproduzir machismo ao comparar Janja com a ex-primeira dama Ruth Cardoso. "Como a Janja, [Ruth] tinha o brilho próprio. Era professora universitária. Uma mulher super respeitada na área dela e cuidado da comunidade solidária, mas ela não tinha protagonismo, ela não tinha voz nas decisões políticas. Se tinha, era a quatro chaves dentro do quarto do casal", disparou.
Os comentários de Eliane geraram uma série de reações indignadas de eleitores e personalidades políticas, como Dilma Rousseff. "Exigir das primeiras-damas que sejam silenciosas é reproduzir pior da misoginia e do machismo. Janja tem de ser respeitada. Lugar de mulher é onde ela quiser estar. Isto vale para jornalista, vale para militante que seja mulher de presidente, vale para cada uma de nós, mulheres", disse a ex-presidente.
Pelo Twitter, Eliane se defendeu das acusações de machismo. "Meu feminismo está no DNA e numa vida inteira. Elogiei Janja, apenas separei relação pessoal com função pública", justificou.