Janja Silva, socióloga e futura-primeira dama do Brasil, concedeu uma entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, neste domingo (14). Em uma conversa de 30 minutos com Maju Coutinho e Poliana Abritta, ela abriu o jogo sobre o casamento com o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva e os desafios do terceiro mandato do petista.
Janja contou que já conhecia Lula de antigos eventos da militância petista e, também, por conta de seu trabalho na Usina Hidrelétrica de Itaipu, quando ele já era presidente. No entanto, os dois passaram a se enxergar com outros olhos no final de 2017, durante uma partida de futebol promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O curioso é que ela foi ao local para tietar outra pessoa.
"O Chico Buarque ia jogar. Todas nós sabemos, Chico Buarque. E eu falei assim: 'Eu preciso ir nesse jogo'. Acabei indo no jogo. E eu conheci, quer dizer, já conhecia o meu marido de outros momentos. Óbvio que eu não sei se ele lembrava muito de mim. Mas enfim, a gente se sentou pra almoçar, todo mundo almoçou, os convidados e tal. Depois, ele pediu o meu telefone para alguém, eu recebi ali e foi indo. A gente foi se aproximando", relata.
Quatro meses depois do romance engatar, Lula foi preso. Durante os 580 dias em que o político esteve na cadeia, o casal trocou cartas diariamente. "Todo dia eu preparava um lanche pra ele comer, e aí os advogados que entravam lá, tinham dois advogados que entravam todos os dias lá, um de manhã e um à tarde. Aí de manhã eles me traziam uma carta que ele escrevia e eu devolvia uma carta", conta.
Segundo Janja, as cartas estão secretamente guardadas e trazem conteúdos de "esperança e muito amor"; em algumas delas, eles já planejavam o casamento. "Tem muitas cartas muito felizes e tem muitas cartas muito tristes. Porque realmente teve momentos muitos difíceis nesses 580 dias. Mas eu tenho certeza que o dia mais difícil pra ele foi o dia da morte do neto", disse a socióloga.
Assumidamente feminista, Janja tem tido papel fundamental para desconstruir algumas atitudes machista enraizadas em Lula. "Acho que quando a maioria dos homens diz 'amor, me traz isso?'. 'Filho, vamos lá, eu tô fazendo outra coisa. Nesse momento eu não posso. Então, vamos lá, vamos dividir'. Mas ele é muito tranquilo. Em casa, no domingo que a gente fica mais sozinho, ele lava a louça do café, ele me ajuda", garantiu.
Outro momento que Janja faz questão de corrigir o marido é quando ele se refere à professora universitária Ana Estela Haddad como "esposa de Fernando Haddad". "Aí eu sempre digo: 'Ana Estela, Ana Estela'. Porque, né. É o nome dela, ela não é só a esposa. Ela é a Ana Estela. Não que faça por mal...", disse.
Janja também definiu o bom-humor do marido como a qualidade favorita nele. "A gente acorda dando risada. Ele acorda cedo pra treinar. Ele treina todos os dias. 5h30 ele já tá desperto ali pra treinar. É uma coisa que ele faz questão. E às vezes a gente acorda dando risada ou das cachorras ou de alguma coisa do dia a dia", contou.
Conhecida por ser cuidadosa e zelosa com o marido, Janja prometeu continuar assim durante o mandato e, principalmente, ser uma primeira-dama que contribui para a articulação de pautas de relevância para a sociedade. "Eu acho que eu não vou ficar... Ele vai sair para trabalhar e eu vou ficar em casa. Isso vai ser difícil acontecer, porque não é da minha personalidade. Então, a gente vai estar junto. Eu vou estar do lado dele, eu acho que praticamente boa parte do tempo. Contribuindo no que eu puder contribuir", frisou.