A novela "Travessia" já cortou algumas histórias e acelerou a reviravolta de Brisa (Lucy Alves), que será surpreendida com um exame de DNA negativo em relação ao filho, Tonho (Vicente Alvite). Porém, é um consenso que a novela, prestes a ganhar novos personagens, de uma certa forma é confusa no modo geral.
Não à toa que as chamadas veiculadas durante a grade de programação resumem a história para quem ainda não a assiste. Vale ressaltar que Glória Perez, dona de índices respeitáveis de audiência com "O Clone" (2001), por exemplo, herdou o horário em alta com o sucesso "Pantanal" e encarou nos primeiros dias a propaganda política, que fez "Travessia" ser empurrada para mais tarde, começando quase 22h.
Entre críticas ao sotaque de Jade Picon de um lado e torcida contra Cidália (Cassia Kis) de outro, "Travessia" consegue atrair a atenção do público graças ao texto, a abordagem dos crimes cibernéticos, e pelas cenas quentes de sexo, a maioria protagonizada por Chay Suede. Mas o que leva "Travessia" a não engrenar, então?
Um dos protagonistas da história é Ari (papel de Chay), um arquiteto que quer defender um casarão, cobiçado por Guerra (Humberto Martins). O empresário que colocar o imóvel "na chon". Por ironia do destino, Ari se apaixona pela filha dele, Chiara (papel de Jade), e acaba "se vendendo" em troca das regalias que a nova vida lhe oferece.
É bom ressaltar que o rapaz beijou a patricinha ainda noivo de Brisa, mas a relação só engatou de fato depois que ele desistiu de procurar a lavadeira no Rio acreditando em sua morte. Isso já mostrou ser um fato suficiente para que ele não a merecesse.
Ao mesmo tempo, Brisa foi presa por porte ilegal de arma e conseguiu dar um nome falso às autoridades, o que ajudou Ari a achar que ela não vivia mais. O público não "voou" quando Brisa pareceu passar dias ignorando o filho e sem usar as redes sociais para tentar achar o pai de seu filho.
Há ainda uma crítica às irmãs Guida (Alessandra Negrini) e Leonor (Vanessa Giácomo), atual e ex de um mesmo homem, Moretti (Rodrigo Lombardi), o que provocou uma certa rivalidade entre as duas, porém sem tempo para o telespectador escolher para quem torcer.
Até mesmo a questão do "metaverso" (realidade alternativa), do "deep fake", e da relação dos personagens com a internet recebe algumas críticas. Seja porque alguns tipos não se comunicam por smartphone seja porque os crimes cibernéticos se concentram em um adolescente rebelde, Rudá (Guilherme Cabral).
E a rápida participação de Grazi Massafera em cenas que empilharam elogios indicam que Débora merecia mais capítulos no ar até para explicar melhor sua relação com Moretti e Guerra.