O Carnaval de 2022 no Rio de Janeiro pode estar caminhando para o mesmo destino do de São Paulo. Após cancelar completamente os blocos de rua da cidade e decidir adiar os desfiles das escolas de samba para abril, os foliões passaram a procurar pelas festas privadas para sanar a vontade acumulada de curtir a folia.
Informações do jornal "Extra" mostram que, durante o feriado de Carnaval - que, vale lembrar, está mantido apesar dos cancelamentos -, centenas de shows e eventos estão disponíveis para compra. A maior parte deles, aliás, é vinculada a blocos tradicionais de rua, como o Chora me Liga, Minha Luz É de Led e Amigos da Onça. Outros são organizados por agremiações que confirmaram presença na Sapucaí em abril, como é o caso da Viradouro e da Mangueira. O catálogo é imenso.
A situação, no entanto, ignora o fato de que os índices de contaminação no estado estão em alta. A variante ômicron, que é vista como a mais contagiosa de todas as cepas da Covid-19 até aqui, é a principal responsável pelo aumento dos números, e o motivo pelo qual a festa de rua e a folia no Sambódromo foram descartadas em fevereiro.
Os organizadores das festas, no entanto, têm argumentos quando esses pontos são levantados. "É injusto dizer que as pessoas são contaminadas nos eventos e não no transporte público ou na praia. Precisamos tirar da berlinda os eventos como os responsáveis por gerar as grandes transmissões", afirmou Pedro Guimarães à publicação. Ele é o atual presidente de uma das entidades que reúnem empresas de eventos.
Enquanto isso, na outra ponta, os profissionais da Saúde se mostram cada vez mais preocupados com o fato de que as autoridades não parecem se preocupar com essas festas. Vale lembrar que, em São Paulo, um evento do tipo foi autuado pela vigilância sanitária, o que desencorajou outros festivais do mesmo estilo.
"Minha posição é evidentemente de alerta", começou a cientista Margareth Dalcolmo em entrevista ao jornal. "Tendo em vista, inclusive, que não é plausível acreditarmos que todos os eventos terão controle adequado do passaporte vacinal, de controle de sintomáticos, de uso de máscara...", reforçou a médica.