A novela "Um Lugar ao Sol" estreia na próxima segunda (8) e, além de ser inédita, também traz um formato nunca visto antes: as gravações antecipadas e já finalizadas de todos os capítulos. Por isso, dessa vez, o público não verá a trama recalcular a rota conforme a exibição: a história será contada exatamente como nas séries das plataformas de streaming, com tudo praticamente fechado.
Já é certo, por exemplo, que um dos gêmeos interpretados por Cauã Reymond vai morrer no início da novela. Maurício Farias, diretor, explica que o formato é, na verdade, apenas "outra forma de fazer".
"Existe um componente novo para o público que é saber que aquela obra já está feita. A gente tenta criar uma história para que o público se entregue (...) Por que não se apropriar desse recurso que faz tanto sucesso com as séries? É tão interessante quanto, então é só um hábito que foi quebrado pela pandemia", destaca Farias.
Maurício também destaca que a produção da novela optou por gravar diferentes finais para a trama, a fim de antecipar possíveis reações do público. Essa seria a única diferença para uma história pensada para uma série de streaming, aliás. Ele compara o novo modelo ao trabalho anterior da teledramaturgia.
"Talvez o público não saiba: quando estreia uma novela, você está com 30 capítulos já gravados, mais ou menos. E, naquele dia que estreou, você está fazendo mais um, no dia seguinte, mais um. Então quando você tem uma consideração em relação ao retorno do público, vai demorar mais 20 capítulos para aparecer, ou seja, quase praticamente na metade da novela, no capítulo 50 aquilo vai aparecer. Então essas correções de curso são tudo que nós, profissionais, tentamos superar", esclarece.
Em coletiva de imprensa a respeito da trama, Lícia Manzo, que já trabalhou para a Globo em outras novelas, como "A Vida da Gente", destaca que não há por que se apegar a formatos tradicionais de se produzir teledramaturgia. "São revoluções por segundo, então vamos conversar com elas", acrescenta a criadora dos gêmeos Christian e Renato.
"Tudo parece ser um caminho para as novelas produzidas pelo streaming: serão menores, mas serão novelas. São 107 capítulos, são 107 horas de teledramaturgia durante a pandemia. Para mim, como autora, 107 é mais do que eu desejaria ou precisaria para contar uma história com aprofundamento e riqueza", avalia Lícia, lembrando involuntariamente que séries costumam ter uma quantidade bem inferior de episódios.