Silvio Santos (1930-2024) tentou contratar Xuxa Meneghel mais de uma vez entre as décadas de 1980 e 1990, e anos depois irritou a apresentadora ao chamá-la de "rapaz americano", o que lhe rendeu uma provocada ao vivo. A crítica em 2015 veio por conta do look que Xuxa usava em seu programa na Record.
Naquele mesmo ano, a rainha dos baixinhos tentou convencer o rei da TV a lhe dar uma entrevista em troca de ida ao "Teleton". Só que muito tempo antes, mais precisamente em 29 de setembro de 1987, Silvio detonou a então global em entrevista de sete horas ao jornal "O Estado de S.Paulo". A publicação nesse final de semana, oito dias depois da morte do comunicador, trouxe trechos inéditos dessa entrevista.
E em um deles, Silvio disse que para ele Xuxa não teria muito tempo na TV. Na época, a apresentadora estava há pouco mais de um ano à frente do "Xou da Xuxa". "Na minha opinião ela é descartável, não tem alma", disparou. O jornal questionou: "Você tem condições de competir (na audiência) de manhã com a Xuxa?".
De acordo com a publicação no dia seguinte à entrevista, o programa de Xuxa ia das 8h até 12h25 - nesse período, o SBT mostrava "Oradukapeta" (programa de Sérgio Mallandro) e parte do programa "Bozo"."A Xuxa foi o maior fenômeno de comunicação que ocorreu nesses dois últimos anos no Brasil", respondeu o fundador do SBT.
"A Xuxa foi o maior fenômeno de comunicação que ocorreu nesses dois últimos anos no Brasil. No Troféu Imprensa, ela foi votada como manequim, animadora, revelação do ano, cantora. Foi votada em quase todas as posições", refletiu - Xuxa ganharia de 1986 a 1992 em todos os anos na categoria Melhor Programa Infantil.
"Mas, na minha opinião, e é um achismo, ela vai cair, não vai se aguentar. Na minha opinião ela é descartável, não tem alma. Xuxa é descartável por causa disso, ela não tem alma; está fazendo aquilo, mas não está sentindo aquilo. Então, o povo começa a ver, a criança começa a ver que ela é descartável", prosseguiu o empresário.
"Existe o artista circunstancial, existe o artista que se chama carismático e o Hitler (1889-1945, algoz do povo judeu, do qual o próprio Silvio era oriundo), o Fidel Castro (1926-2016), o Jânio Quadros (1917-1992), a Hebe Camargo (1929-2012), o Silvio Santos, o Flávio Cavalcanti (1923-1986 e homenageado por ele em sua morte). Não estou colocando em igualdade, estou colocando como exemplos. São figuras que, não se sabe por que, têm alma. O povo sabe, o povo entende", opinou.
"Na minha opinião, é isso: o artista tem de ser sincero. O povo sente a sinceridade do cara. Não importa se é bom, se é ruim, se é gozado, tem de ser aquilo que ele é. Se ele não for o que ele é, é aquela frase: 'Você engana poucos por muito tempo...'", continuou.
"Mas não tenha dúvida, essa imagem que eu tenho há 30 anos... com o povo... ele sabe, eu vejo o auditório. O Sérgio Mallandro vai ser um grande cartaz. Outro cara que é bom na minha opinião: Agnaldo Timóteo (1926-2021). Fala o que sente", finalizou.