Aos 90 anos comemorados com emocionante missa, Renato Aragão ganha homenagem da Globo nesta noite (23h10) com o "Tributo". Marido há mais de 30 anos da empresária Lílian Aragão, com quem se casou dois meses após o primeiro encontro, o criador do Didi Mocó acabou outro "casamento" e de maneira conturbada em agosto de 1983, porém a separação durou pouco tempo, uns seis meses.
O fim da relação foi com Dedé Santana, Mussum (1941-1994) e Zacarias (1934-1990) e no auge do sucesso do grupo na Globo. Há 42 anos e já avô pela primeira vez, fato que lhe deixou em choque, Renato decidiu ao lado de seus companheiros manterem apenas o programa de TV, estreado em 1974 na TV Tupi e desde 1977 na Globo.
Assim, ficariam cancelados os filmes do quarteto. Na ocasião, a ideia era por outro lado manter o programa "Os Trapalhões" até dezembro do ano seguinte apesar da crise.
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O "Jornal do Brasil" apontou as desavenças que levaram à crise, seguida de ruptura. "Pelo menos por dois motivos: primeiro, no cartaz do último filme do grupo, 'O Cangaceiro Trapalhão' (1983), só o nome de Renato aparece em destaque; e, segundo, os contratos financeiros continuam dando ao mesmo Renato metade de todo o faturamento dos Trapalhões, cabendo a Dedé, Mussum e Zacarias dividirem a outra metade", escreveu o "JB".
Com o fim momentâneo do grupo nos cinemas, Renato estrelou "O Trapalhão na Arca de Noé", enquanto Dedé, Mussum e Zacarias fizeram "Atrapalhando a Suate" naquele mesmo 1983. Em entrevista coletiva realizada nos estúdios da Globo, Renato mostrou uma certa mágoa. "Gostaria que a roupa suja não fosse mais lavada", pediu.
"Me voltaram contra a opinião pública. Isso é um negócio muito sério. Estou parecendo um vilão. Mas é assim mesmo: quando paraíba sobe na vida, a inveja é grande. Desde que anunciei a criação do estúdio (que leva seu nome), veio olho grande em cima. Por isso mandei fazer uma cobertura refratária contra olho grande", completou o humorista.
Rumores indicaram que a Globo poderia produzir dois programas para separar o quarteto, mas a hipótese não teria agradado Boni, negando a manutenção do programa "Os Trapalhões" no ar apenas com Renato. Mas tudo voltou como era em fevereiro de 1984, com o quarteto fazendo as pazes.
"O afastamento trazia problemas para todos nós e eu senti mesmo a falta do grupo nesse período de férias, quando a Globo começou a reprisar nossos filmes. A cada instante eu lembrava de nossos momentos juntos (...). Muito trabalho, tanta coisa bonita que vivemos juntos. Sempre houve entre nós união e respeito", garantiu Dedé.
"Foi tudo um pesadelo para mim, um parêntese, não aconteceu. Nem mágoa ficou", resumiu Zacarias, envolvido seis anos depois de rumor de grave doença que o levou à morte.