Nem todas as pacientes com câncer de mama precisam passar pela mastectomia, que é a retirada total dos seios, ou pela segmentectomia, que é a retirada parcial, mas para quem enfrenta essas cirurgias, a autoestima costuma ficar abalada. A administradora Ana Cristina Lopes, assim que descobriu o câncer, em janeiro de 2017, não deixou a peteca cair, assim como outras mulheres inspiradoras: ela tinha certeza de que não gostaria de ficar sem os seios e, por isso, optou pela reconstrução com prótese de silicone, além de fazer a pigmentação da auréola em um dos seios. "Ficar sem a sua mama é muito complicado, principalmente para as pessoas que são mais novas e para as que estão casadas. É uma agressão grande porque, por mais que você, teoricamente, não vai ter mais a doença, você fica com vergonha de se expor para as pessoas, para que elas vejam aquela costura", contou ao Purepeople.
Ana Cristina considera que teve sorte: ela conseguiu colocar as próteses de silicone no mesmo dia em que fez a mastectomia. "O mastologista achou melhor remover a mama direita toda e fiz uma mastectomia radical. E como eu tinha um nódulo na esquerda, ele achou melhor fazer a mastectomia parcial para, futuramente, não ter o retorno do câncer. Fiz a mastectomia, ocorreu tudo bem. No mesmo dia, consegui colocar as duas próteses. O tamanho do silicone que eu coloquei foi basicamente o tamanho da mama que eu tinha, pouca coisa menor. Nem sempre se consegue colocar, mas fiz as cirurgias com as duas equipes, tanto do mastologia quanto a do cirurgião plástico, aproveitando a cirurgia da retirada", conta.
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Depois de 60 dias com as próteses, Ana fez a pigmentação no bico do seio direito - já que o do seio esquerdo se manteve intacto após a mastectomia. O procedimento, que é como se fosse uma tatuagem, foi feito em uma clínica de estética e orientado pela instrumentadora da equipe do cirurgião plástico que colocou as próteses. "É um desenho para que não fique tão agressivo estar sem o bico do seio. As profissionais misturam as cores para ficar da sua cor mesmo. É muito tranquilo, não senti dor nenhuma, porque elas colocam anestésico. O máximo que sente é uma quentura pequena, nada demais", conta. A "tatuagem" durou cerca de 2 horas, e o resultado ficou bem realista. "Ficou mesmo. Ela ia fazendo bem devagar, é muito delicado, vai pintando cada parte".
Ana diz que encarou muito bem a cirurgia, além de passar por 4 sessões de quimioterapia com tranquilidade. Hoje, ela faz manutenção com remédios, fase que deve durar 10 anos. Ter as mamas reconstruídas, para ela, foi uma decisão positiva tanto para seus familiares quanto para seu companheiro. "Para mim, foi ótimo. O primeiro dia em que fiquei despida para ele, fiquei meio assim... Mas foi tudo muito normal, e a gente tem uma vida tranquila e ativa. E isso é muito importante, acho que as mulheres têm que fazer, sim", diz, lembrando que manter a tranquilidade depois da descoberta da doença é fundamental. "Se não tiver a cabeça boa, você se denigre e não quer botar outro peito, não quer fazer nada".
(Por Beatriz Doblas)