O câncer de mama é uma doença que mexe muito com a autoestima das mulheres, podendo desenvolver um quadro de depressão, principalmente quando é necessário passar pela mastectomia, procedimento médico que faz a remoção completa da mama. Do mesmo modo que as doações de mechas de cabelo e a busca por representatividade por meio de bonecas, a reconstrução da mama pode interferir positivamente na vida de mulheres que enfrentaram a doença, que pode ser prevenida com a alimentação. Em entrevista para o Purepeople, o médico do serviço de cirurgia plástica e microcirurgia do Instituto Nacional do Câncer (INCa), Marcelo Moreira, aborda como a técnica pode recuperar a autoestima e esclarece como garantir o procedimento de maneira gratuita: "A reconstrução é oferecida pelo INCa através do cadastro no Sistema Nacional de Regulação (SISREG). Quem faz o encaminhamento do paciente para cada hospital é a Clínica da Família."
Com a mastectomia, aderir a moda pode se tornar mais difícil, mas existem alguns truques de estilo que podem disfarçar o efeito apenas com peças de roupas. Além disso, a reconstrução promete reconquistar o amor-próprio por meio da intervenção cirúrgica. "Vários estudos internacionais mostram que ela interfere na autoestima", aponta o membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) ao desenvolver: "Na verdade, todo o processo do tratamento é delicado para as mulheres. Elas perdem peso, cabelos e as mamas." Uma das partes mais difíceis de passar pelo câncer de mama é saber lidar e aceitar a nova fisionomia. "Muitas não se reconhecem mais. É um baque para a autoimagem e, consequentemente, para a autoestima feminina", revela o especialista ao declarar: "Especificamente sobre a mama, que é um órgão essencial para a mulher, tanto para a sua feminilidade, como para a sua sexualidade e, por isso, está diretamente ligada à sua autoestima."
Com a chegada do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização de mulheres sobre a prevenção do câncer, é importante explicar como certos procedimentos funcionam e quem precisará recorrer a eles. "Nem todas as mulheres que são diagnosticadas com câncer de mama precisam fazer a mastectomia", informa o membro da American Society of Plastic Surgeons ao descrever: "Há também a segmentectomia, que é a retirada de uma parte da mama; a quadrantectomia, cirurgia que remove o câncer, mas deixa a maior parte da mama; e a tumorectomia, cirurgia em que apenas o tumor é removido. As indicações variam de acordo com o estágio e tipo do tumor." Existe mais de uma técnica para fazer a reconstrução da mama, mas algumas são mais indicadas. "Existem vários métodos, desde os mais simples com próteses expansoras e passando por retalhos das costas, até reconstruções mais complexas, utilizando técnicas de microcirurgia como DIEP", relata Marcelo ao especificar: "DIEP é a técnica mais avançada de reconstrução de mama, que usa a pele e a gordura do abdômen sem destruir nenhum músculo e sem usar material estranho ao corpo como implantes mamários, criando um novo seio o mais próximo possível do natural."
(Por Fernanda Casagrande)