O tratamento de um câncer de mama nunca é fácil. Por mais que seja eficaz, o processo deixa marcas em quem passa por ele, sejam elas físicas ou emocionais. "A primeira ideia que se passa de uma pessoa que descobre que tem câncer de mama é a sentença de morte", diz a fisioterapeuta, especialista em fisiologia do exercício e estudiosa da qualidade de vida de pacientes mastectomizadas, Vanessa Lacerda. "É importante atuar em diferentes frentes, contando com uma equipe multidisciplinar, que vai ajudar tanto emocionalmente (e psicologicamente) à paciente a passar por esse processo, quanto também fisicamente. É fundamental, ainda, que essa mulher tenha uma figura de apoio pessoal, como um companheiro, um amigo ou um familiar próximo", indica Vanessa. A apresentadora Ana Furtado, por exemplo, tem malhado para garantir a saúde.
É aí que entra o papel da amizade na vida de Ana Ávila, blogueira e consultora de moda que incentiva a quem passa pelo mesmo problema a lidar com ele sem dramas. Ela é apenas uma entre as mulheres empoderadas que passam ou passaram pelo tratamento. É que fragilidade emocional e física causada pela doença atinge diretamente não só o corpo da mulher, mas pega em cheio em sua autoestima. Ex-paciente e uma das fundadoras do projeto Força Gurias, cujo objetivo é informar de maneira descontraída sobre o câncer de mama, a blogueira e consultora de imagem Ana Ávila lembra que são muitas as perdas para uma mulher ao passar pelo tratamento. "A gente perde todos os recursos de autoconfiança que temos: os cabelos, as sobrancelhas, os cílios e, às vezes, a mama", afirma. "É importante ter em mente que se perde tudo isso, no entanto, para ganhar a vida. Por isso precisamos nos reconectar com a nossa feminilidade. É um processo doloroso, mas também é libertador", conta ela, que divide o conteúdo do blog e dos vídeos no YouTube com a amiga Daniela Israel, a quem conheceu na sala de espera do mastologista. As duas tentam informar sobre o problema e compartilhar suas dúvidas e dificuldades com bom humor e sem dramas. Além disso, elas compartilham looks do dia, e fotos estilosas utilizando recursos como perucas e lenços para deixar a aparência mais bonita e divertida. "O câncer me libertou", diz ela. "Antes eu achava que era perfeccionista, mas hoje vejo é que tinha medo de fazer as coisas e dar a cara a tapa. Agora esse medo não existe mais, tenho muito mais coragem", conta.
Descoladas, Ana e Daniela realmente não têm medo de se expor. Elas compartilham suas dúvidas e as dificuldades que acontecem durante e após o tratamento. Quando se trata da aparência, as duas também apostam na ousadia. "A gente precisa aprender a se olhar no espelho e enxergar que somos muito mais do que o cabelo", indica. "É necessário se amar e aceitar ser uma camaleoa, se divertir com as mudanças no dia a dia". Ana conta que raspou os cabelos antes que eles começassem a cair. "A indicação foi da minha médica e funcionou. A queda do cabelo (que acontece cerca de 15 dias após o início da quimioterapia) cria uma sensação de perda total do controle. Quando você raspa antes, evita esse sentimento", diz. Confira abaixo algumas dicas de Ana Ávila para cuidar da autoestima durante esse momento.
- Use protetor solar com cor para não ficar pálida
- Abuse do delineador e valorize a maquiagem
- Aposte nos lenços ou perucas se não quiser lidar com a careca
- Se possibilite mudar
- Use sombra para pintar a sobrancelha
- Roupas com babado estão em alta nessa estação e ainda ajudam a disfarçar a assimetria causada pela mastectomia. O mesmo ocorre com as sobreposições
- Listras verticais também ajudam a disfarçar
(por Deborah Couto)