Menos de quatro anos após a precoce morte de Lauro Corona, aos 32 anos, as complicações da Aids vitimaram outro querido ator de novelas da Globo. Estamos falando de Carlos Augusto Strazzer, que esteve no velório do colega de profissão, e morreu aos 46 anos por volta das 3h15 da madrugada de 19 de fevereiro de 1993 em Petrópolis (RJ), cidade onde faleceu Cid Moreira, aos 97 anos, e no mesmo dia da morte do humorista Geraldo Alves (1934-1993), após grave acidente de carro.
Assim como Lauro Corona, Strazzer precisou se afastar do trabalho durante a gravação de uma novela, no caso "Que Rei Sou Eu?" (1989/1990), onde vivia o conselheiro Crespy Aubriet. E da mesma forma que o amigo, o ator retornou às gravações mesmo após seu personagem ter morrido. Segundo o jornal "O Globo", o artista estava pesando apenas 39kg e vinha se submetendo a quimioterapia para tratar um câncer de pele.
O diagnóstico da Aids, doença que nos levou outros famosos, foi revelado em 1989, mas só dois anos depois que Strazzer fez a confirmação. Entre 1989 e 1993, o artista foi internado pelo menos duas vezes em São Paulo e tentou se curar via o chá de Santo Daime.
Espiritualista e místico, Strazzer foi avisado por seus mentores espirituais em setembro de 1992. Na ocasião, descobriu que atravessaria de forma difícil o primeiro mês de 1993. "Em fevereiro, ainda segundo seus mentores, seu sofrimento acabaria, fosse por milagre ou pela morte, mas só depois que seus filhos estivessem encaminhados na vida", disse "O Globo".
O artista morreu em uma sexta-feira, após os filhos Fábio e Ana serem aprovados no vestibular: ele na quarta-feira, ela, no dia seguinte. "Strazzer tinha muita fé e está onde queria estar, em paz, sem sentir mais as dores, que nos últimos tempos eram muito fortes", contou Maitê Proença no sepultamento, ocorrido no Rio.
Paulista de São Caetano, o artista estreou na TV em 1970 na Record na primeira versão de "As Pupilas do Sr. Reitor". Esteve ainda nos originais de "A Viagem" (1975/1976) e "O Profeta" (1977/1978), na terceira versão de "Éramos Seis" (1977), e na versão de 1978 de "O Direito de Nascer".
Na Globo, atuou em "Livre para Voar" (1984/1985) e "Mandala" (1987/1988), além de "O Sorriso do Lagarto" (1991), seu último trabalho na TV.