O publicitário Washington Olivetto faleceu no dia 13 de outubro após passar quase cinco meses internado no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, devido a complicações pulmonares. Entre seus legados, destaca-se o personagem "Garoto Bombril", interpretado por Carlos Moreno, que marcou a publicidade brasileira por décadas.
Em entrevista ao programa "Gaúcha+", Carlos Moreno, atualmente com 70 anos, contou detalhes sobre a criação do icônico personagem. Segundo ele, o "Garoto Bombril" foi desenvolvido de forma estratégica, mas sem a tradicional abordagem agressiva de vendas.
"Quando eles criaram o personagem, eles pensaram justamente que a dona de casa, nos intervalos da novela, quando os comerciais de limpeza [passavam] parecia que ela tinha serviço para fazer. E era sempre falando 'esse produto é o melhor'. E isso é uma coisa que o personagem da Bombril nunca falou, ele era muito respeitoso. Era sempre uma campanha comparativa, mas sem mencionar os outros produtos", explicou Carlos.
Em 1994, a campanha do "Garoto Bombril" entrou para o Guinness Book como a mais longa campanha publicitária contínua do mundo. Carlos Moreno interpretou o personagem de 1978 a 2004 sem interrupções.
Carlos relembrou que nem ele, nem Washington Olivetto, nem a Bombril previram a longevidade do sucesso:
"A primeira campanha foram quatro filmes para outros produtos que a Bombril fabricava na época, não era nem para a palhinha de aço, era para o detergente, o Sapólio e outros dois produtos, e ali se fechava, mas quando foi para o ar, causou tamanha surpresa no público e daí me chamaram para fazer um contrato de exclusividade. Aí esse contrato foi sendo renovado e durou 35 anos."
Um dos segredos do sucesso duradouro do "Garoto Bombril" foi a humanização do personagem, algo pouco comum na publicidade da época. Carlos - que também participou do programa infantil "Rá-Tim-Bum" - destacou que o personagem não era um vendedor típico, mas sim um químico industrial que tinha orgulho de sua empresa: "Ele era o oposto de um vendedor, e por uma situação inusitada ele estava lá na frente de uma câmera tendo que falar dos produtos."
O contraste com as campanhas tradicionais da época foi um dos fatores que mais surpreendeu o público: "Foi um choque na época mostrar um cara que não era bonito, que era falível, que não falava 'eu sou o melhor, o meu produto é o melhor', que era muito humano", completou Moreno.