Após irritar uma parte do público por sete meses, a novela "Travessia" chega ao fim nesta sexta-feira (5) com um novo ataque do pedófilo (personagem de Claudio Tovar) e final feliz para Brisa (Lucy Alves). E por falar na mocinha, aquele telespectador mais contestador e que não deixa passar nada continua com uma pergunta na cabeça.
"Por que os advogados de Brisa e a própria namorada de Oto (Romulo Estrela) nunca deram um Google para tentar entender o motivo do DNA dela e de Tonho (Vicente Alvite) apontar que o menino é filho de Ari (Chay Suede), mas não dela, Brisa?". Para quem não sabe, a mocinha da novela das nove é uma mulher quimera.
Portanto, possui em seu organismo duas cadeias de células, cada uma trazendo um DNA diferente, o que é descoberto por Bia (Clara Buarque). É esse o motivo que leva aos exames de Brisa apontarem que ela não é mãe de Tonho. Em alguns casos, a pessoa pode até ter mais de dois DNAs no organismo.
Na ficção, uma busca ao Google poderia acabar com as dúvidas de Brisa, uma vez que a sogra, Núbia (Drica Moraes), confirmou ter visto Tonho nascer, descartando um rapto. O que seria pouco provável pois Ari é o pai.
Se a busca fosse "dna apontou não sou mãe do meu filho mas o pai é", Brisa (ou alguém próxima a ela) descobriria uma matéria de jornal de 2014 a respeito de uma britânica quimera. Ou até mesmo algum profissional do laboratório ou um médico poderia levantar essa questão, embora o quimerismo é raro demais (na época da matéria citada eram só 40 casos em todo o mundo).
Pesquisas indicam que o quimerismo humano (sim, pode ser detectado em animais também) foi diagnosticado pela primeira vez em uma mulher inglesa na década de 1950. Ela apresentava dois tipos sanguíneos, o O e o A. Um nasceu com ela e o outro foi herdado do irmão gêmeo. Isso só foi possível após a realização de exames de sangue e de saliva.
Cabe aqui elogiar a iniciativa de Gloria Perez, autora de "Travessia", a trazer de novo um assunto tão diferente para o horário nobre. Em outras de suas tramas, a novelista já discutiu o aluguel de barriga, o sumiço de crianças, e apresentou as culturas do Marrocos e Índia, por exemplo.
Agora, além da mulher quimera, Gloria levanta a questão do estupro virtual com Karina (Danielle Olímpia). Um outro acerto da responsável por "Barriga de Aluguel", "Carmen", "Caminho das Índias" e "América", entre outras.
Já a partir de segunda-feira (8), o horário nobre será ocupado por "Terra e Paixão", de Walcyr Carrasco, outro campeão de audiência.