Depois de seis meses em que se tornou um sucesso de audiência, a novela "Alto Astral" chegou ao fim nesta sexta-feira (8). A comédia romântica de Daniel Ortiz foi encantando o público gradativamente desde seu início e apresentou uma trama leve, com uma história de amor permeada de elementos clássicos e um núcleo cômico carismático, que caiu também nas graças dos telespectadores. Como em todo final de novela, no último capítulo teve sequestro, casamento e, claro, muitos "felizes para sempre".
"Alto Astral" teve um desfecho sem surpresas, já que o grande mistério mantido em segredo desde o começo, foi revelado no penúltimo capítulo. Este, por sinal, é um (talvez o maior) acerto da dramaturgia, que conseguiu manter a ligação de Laura (Nathalia Dill) e Maria Inês (Christiane Torloni) omitida até o final. Essa investigação deixou o público tão instigado quanto a protagonista para descobrir a verdade sobre sua origem e, pendurado pela curiosidade, o telespectador acaba preso.
Uma vez revelada a mãe, restou ao capítulo final os clichês já bem conhecidos: o vilão Marcos (Thiago Lacerda) sequestrou a mocinha, o herói Caíque os alcançou após um perseguição de carro, os dois se engalfinharam numa luta corporal e fomos pendurados pelo suspense do tiro, naquela expectativa do "quem será que foi atingido?". O diferencial é que o médium salvou a vida do irmão mau-caráter com a ajuda de Castilho (Marcelo Médici), um médico desencarnado, mas, considerando a temática sobrenatural da trama, isso já era esperado.
Vilões são castigados e casais vivem felizes para sempre
Para punir os vilões, o autor escolheu fazê-los provar de seu próprio veneno. Marcos acabou num sanatório sofrendo e esquizofrenia, doença que passou a novela inteira acusando Caíque de ter. Úrsula (Silvia Pfeifer) foi diagnosticada com cavernoma, o mesmo tipo de tumor cerebral não operável que fingiu ter durante anos para manter seu casamento. Qualquer semelhança com o trágico fim da vilã-protagonista Rubi (Barbara Mori), da novela mexicana homônima, não passa de mera coincidência, claro.
Coincidência ou não, Daniel Ortiz teve sua passagem pela Televisa, emissora referência em telenovelas mexicanas, onde escreveu o a novela "Laços de Ódio". Verdade seja dita, muitos folhetins de lá tem seu apelo popular e arrebatam a audiência, haja visto o sucesso de "A Usurpadora", que está sendo reprisada pela quinta vez pelo SBT e continua tendo um público fiel.
Dito isso, é compreensível que também os destinos dos casais de "Alto Astral" - que foram muitos! - tenham sido o felizes para sempre. Laura e Caíque superaram as adversidades e finalmente se casaram, numa cerimônia linda. Bia (Raquel Fabbri) e Israel (Kayky Brito) se acertaram sem que fosse preciso ele engordar os 20 quilos prometidos, felizmente. Maria Inês e Marcelo (Edson Celulari) puderam ficar juntos, Itália (Sabrina Petraglia) e César (Alejandro Claveux) se perdoaram e assim como estes, todos os novos e antigos casais tiveram um final feliz.
Samantha e Pepito - um capítulo à parte
Samantha (Claudia Raia), que a princípio prometia ser a antagonista de Laura e Caíque, formou uma dupla de forte apelo cômico com Pepito (Conrado Caputo) e, a partir de certo ponto da história, foi completamente descolada da trama central. As cenas dos dois a partir da viagem para o reino Árabe do Sul pareciam esquetes avulsas inseridas dentro da novela.
Desde referências às personagens de Claudia Raia e à própria atriz, até o concurso de funk no programa da Ana Maria Braga, teve de um tudo. No final, não poderia ser diferente: a ex-paranormal reencontrou o rei Mohammed (Igor Rickli) e, depois de uma cena que se pretendia referenciar os personagens de "Cinquenta Tons de Cinza", com a loira pedindo para ser castigada pelo amado, ela se tornou rainha e inaugurou seu palácio com direito a coreografia ao estilo de Bollywwod e um coração de luzes piscando em efeitos especiais na tela.
Uma novela simples e leve
Tomada por muitos como uma novela simples, "Alto Astral" conquistou o que tramas mais ousadas e com mais profundidade não conseguiram: agradar e entreter uma quantidade enorme de pessoas. Principalmente da metade para o final, os índices de audiência não pararam de subir e não raro o folhetim bateu seu próprio recorde no horário, coisa que sua predecessora, "Geração Brasil", de maior complexidade e qualidade tanto na dramaturgia quanto na direção e atuações, não fez, por exemplo.
É bem verdade que a química de Caíque e Laura - que inclusive ultrapassou a ficção e formou o casal Nathalia Dill e Sergio Guizé - ajudou a arrebatar fãs, assim como Sophia Abrahão que carrega consigo uma legião de seguidores onde quer que vá. Há quem diga que o segredo de "Alto Astral" é ser uma novela leve. Contudo, grande parte das cenas eram pesadas, tanto no conteúdo do texto quanto no clima das cenas e atuações, extremadas e melodramáticas.
Mas como dizem que "a voz do povo é a voz de Deus", não há como negar o sucesso da trama, que certamente vai deixar saudade em muita gente. E deixa também a responsabilidade de manter a boa audiência para "I Love Paraisópolis", sua sucessora, que estreia na próxima segunda-feira (11).
(Por Samyta Nunes)