Lilia Cabral será uma cafetina na próxima novela das onze, "Liberdade, Liberdade". Na trama, que se passa no século XVIII, a atriz não se importou com as exigências impostas pela produção, como o pedido ao elenco que não faça depilação nas axilas e virilha, mas escapou de algumas delas. Diferente de Sheron Menezzes, que precisou usar peruca debaixo do braço para viver a ex-escrava Bertoleza, a atriz contou não ter sido atingida pelas normas dos diretores da trama, já adiantadas pela caracterizadora em entrevista ao Purepeople.
"Ficar sem depilação eu não preciso porque estou sempre de roupa de manguinha no meu figurino e não tenho clareamento nos dentes", explicou a artista durante a festa de lançamento da trama. Mas, se fosse preciso, não seria problema para a artista: em 2011, ela abriu mão da vaidade e ficou sem cutilar e pintar as unhas e fazer depilação no buço e sobrancelhas para viver a personagem Griselda, a mecânica Pereirão da novela "Fina Estampa".
A atriz também contou que dar vida à ex-prostituta Virgínia tem sido importante por se diferenciar de tudo que já fez na TV até então e por mexer com sua forma pessoal de encarar o dia a dia. "Na minha carreira não tem novela de época. Eu tenho um calor horroroso, sou fresca, cheia de coisinha e agora tenho que desconstruir, ficar suada", disse, brincando. "Mas, em compensação, me leva para um lugar que jamais imaginei viver. Quando entro no set, a sensação que tenho é que a minha vida fica distante e que minha realidade é aquela coisa selvagem, grotesca, suja."
'Luto pelas coisas que eu quero', declara Lilia Cabral sobre feminismo
Na obra de Márcia Prates, Lilia explica por que Virgínia escolheu o caminho da prostituição: "Ela é uma revolucionária. Lutava pela independência do Brasil, mas teve uma grande decepção amorosa e resolveu seguir nesse rumo". Apegada aos seus papéis, a artista defende a mulher que define como "conspiradora": "Não significa que ela seja inferior, mas independente. Esse era o caminho do abandono. Mas, na verdade, acho que a mulher conseguia perceber o quanto ela podia existir sem ser uma pessoa submissa à família, aos modos tradicionais".
Diferentemente de Virgínia, que a atriz garante não levantar bandeira na trama, ela se considera feminista: "Eu defendo aquilo que gosto. Como mulher, defendo os meus direitos e aproveito os personagens que eu faço para defender". E ainda afirma: "Não saio berrando, mas tenho uma postura elegante e consciente daquilo que eu sou como profissional e mãe de família. Luto pelas coisas que eu quero".
(Por Carol Borges)