O casal Priscila e Marcelo se tornou um dos queridinhos de "Além do Horizonte" e o afastamento repentino de Laila Zaid, por causa de uma pneumonia, deixa não só o público com saudades, mas também Igor Angelkorte, seu par romântico na trama. "Já estava acostumado às nossas cenas e fiquei carente da dupla", conta ele em conversa com o Purepeople. Estreante em novelas, o ator comemora a marca do centésimo capítulo e faz um balanço positivo da jornada: "Com relação à trama, acredito que chegamos ao capítulo 100 com tudo. É o nosso melhor momento". Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Purepeople: "Além do Horizonte" chega ao capítulo 100 nesta quinta-feira (27). Que avaliação você faz dessa aventura até aqui?
Igor Angelkorte: Seria impossível ter começado melhor na televisão. Tenho uma personagem que é um playground. Posso levá-la pra mil lugares distintos e tenho cenas super particulares e instigantes. Vejo também que o Marcelo vem ganhando com o amadurecimento e a adultice uma profundidade. Novas questões têm se apresentado para ele e como ator posso navegar por outros lugares. Nos bastidores nossa equipe é bastante tranquila e isso mantém o ambiente harmonioso e produtivo. Com relação à trama, acredito que chegamos ao capítulo 100 com tudo. É o nosso melhor momento. Batemos nosso recorde de audiência nos últimos dias e ganhamos fôlego para reta final. Para sintetizar, sempre acreditei muito no potencial desse trabalho.
O Marcelo já começou com um certo apelo cômico que foi aumentando durante o desenrolar da trama. Isso aconteceu naturalmente ou foi um experimentação que deu certo?
Desde o teste para novela fui orientado a seguir um caminho cômico. Mas, que caminho seria esse? A princípio esse humor derivaria de um garoto mimado e machista, também um pouco "playboy-pitboy". Mas, achei que poderia ser mais divertido se ele fosse mais para o confuso, frágil e amoroso. Tive essa intuição e apostei nela. Lembro que ao fim do teste, o Gustavo Fernandez, nosso diretor geral, um cara excepcional e sensível à beça, me disse que o que eu tinha proposto era melhor do que o que ele tinha imaginado. Fiquei feliz da vida. Acabei passando e então, sempre que entro no estúdio batalho para levar as cenas para esse caminho primeiro. Mas, não é fácil, é verdadeiramente difícil, porque além de ser minha primeira novela é também meu primeiro personagem de comédia. As pessoas acham que eu era comediante, mas não, no teatro, sempre fiz peças mais "sérias", onde os conflitos eram realmente graves. Depois, com o desenrolar da trama, naturalmente me apropriando cada vez mais com o trabalho, as cenas foram ganhando mais espaço cômico.
É nítido que seu jogo cênico com a Laila funciona muito bem, o que rende cenas ótimas e muito divertidas. Vocês já haviam trabalhando juntos antes? Como foi que conquistaram essa sintonia em cena?
Nunca tínhamos trabalhado juntos. Ela já conhecia a Aline Fanju, minha namorada, e assim fomos apresentados, por acaso, um pouco antes da novela começar. Já estava na sinopse que o Marcelo e a Priscila teriam um relacionamento. Então, quando soube que ela ia fazer fiquei animado, porque realmente admiro o trabalho da Laila. Acho que somos farinha do mesmo saco. Temos um jeito de entender a cena muito parecido. Isso falicita tudo. Temos prazer em conversar sobre as cenas, em pensar para além do que está escrito, em encontrar algo mais. Depois, na hora do gravando somos muito permissivos um com o outro, procuramos estar abertos para troca e nunca ensimesmados. Ela costuma brincar que fica tranquila porque qualquer coisa eu salvo a cena. Penso exatamente o mesmo sobre ela e assim nos apoiamos.
Como está lidando com a ausência inesperada da Laila Zaid, que é seu par romântico na trama?
Como novela é uma obra aberta e muito longa, tudo é passível de acontecer. Quando a Laila teve a pneumonia íamos gravar as cenas do aniversário da Priscila! Imagina! Já estava em cima e os autores encontraram a solução de o Marcelo fazer uma festa sem a aniversariante. Dentro do perfil dele, essa estranha comemoração é inteiramente possível, e assim um problema acabou virando uma história (até uma Pri de papelão foi usada na festa). Agora, toda essa ausência gera também uma grande expectativa da volta, e os autores já estão aproveitando esse gancho e elaborando uma série de novos desdobramentos para o relacionamento dos dois. Enfim, o retorno da Laila é particularmente um alívio, já estava acostumado às nossas cenas e fiquei carente da dupla. Foi interessante e desafiador ter que fazer tantas cenas no telefone ou interagindo com fotos. Eu me sentia fazendo um monólogo no teatro. Mas, sem dúvida só tenho força total na nossa trama com a Laila de volta.
Assistindo às cenas temos a impressão de que muita coisa do texto do Marcelo é improviso. É isso mesmo, você coloca alguma coisa sua na hora da cena?Sim, temos liberdade com nossos autores. Percebo que eles entendem a necessidade de sermos parceiros criativos e sinto que jogam junto dos atores. No início, por exemplo, vinha escrito Cecelo, mas a Maria Luisa (Mendonça) gostava de dizer Tchetchelo. Com o passar do tempo passou a vir escrito Tchetchelo também. Isso é um detalhe, mas é muito bacana de ver. Eu que tenho uma companhia, a Probástica Cia de Teatro, sou habituado à criação artesanal e coletiva, me sinto muito confortável tendo os autores que tenho. Eles são contemporâneos, são disponíveis e interessados em nós. Claro que todo improviso que eu faço é muito respeitoso com o trabalho. Não se pode ser leviano nesse sentido. É o trabalho de uma equipe inteira. Mas, existem coisas que só o jogo cênico faz nascer e é ótimo poder dar vazão a esses impulsos. Ao mesmo tempo, deixar a impressão de que as coisas são improvisadas, de que tem frescor e aconteceram na hora, acredito que seja o trabalho do ator. De modo geral, 90% do que digo está no texto, apenas 10% eu trago para a minha boca, para o meu jeito. Se dá a impressão que muita coisa do texto é improvisada, acho que é um elogio, porque não é tanta coisa assim não... O texto já é muito bom!
(Por Samyta Nunes)