Amigo de Silvio Santos por nada menos que 70 anos, Carlos Alberto de Nóbrega surgiu bastante abalado para falar do apresentador, que morreu sábado, aos 93 anos de idade, vítima de uma broncopneumonia.
"Nos conhecemos no começo da carreira e tivemos uma afinidade muito grande. Eu tinha 18 anos de idade e ele 24. O Silvio era muito tímido, era locutor comercial do meu pai", entregou.
E foi através de Manoel de Nóbrega, pai de Carlos Alberto, que a amizade dos dois se solidificou. Na época, o Baú da Felicidade pertencia a Manoel, que pediu ajuda a Silvio Santos para salvar sua empresa, à beira da falência. Com o talento nato para os negócios, Silvio Santos não só conseguiu reerguer o Baú, como o transformou em um sucesso.
Do rádio, Silvio foi para a TV e, nos anos 1970, ganhou a concessão de um canal próprio. Nesta época, Manoel de Nóbrega estava à beira da morte, com um câncer. "Silvio me chamou e me disse que meu pai não chegaria até o fim do ano. Mas me falou: 'o que o dinheiro puder comprar, seu pai vai ter'. E o Silvio pagou todo o tratamento do meu pai, de uma gaze até 3 cirurgias. E ele nunca me pediu um recibo". Por fim, Carlos Alberto concluiu: "Ele tinha vergonha de ser bondoso. Isso eu te garanto pelos 70 anos de amizade que tivemos: ele era uma pessoa boa".
Apesar de não gostar de dar entrevistas e nem de aparecer em outro programa que não fosse o seu, Silvio Santos chegou de surpresa em uma gravação do "A Praça é Nossa" e ficou por 1h30, sem intervalo comercial. "Ninguém sabia que ele ia. Ele chegou, sentou no banco e começou a falar da vida dele, da gratidão que ele tinha pelo meu pai, da nossa amizade", disse Carlos Alberto, emocionado.
A surpresa do apresentador aconteceu logo após o artista voltar para o SBT, depois de ficar 11 anos brigado com Silvio Santos. "Eu sentia saudade do Silvio. Uma hora começou a fazer falta. Nos meus sonhos, o meu pai pedia para eu dar um abraço nele e dizia que nós éramos irmãos. Então eu fui jantar com ele. Nós nos abraçamos com muita força e falamos: 'por que nós brigamos, cara?'".
Chorando muito, Carlos Alberto finalizou: "Silvio foi um gênio, um monstro da televisão. E isso vai continuar, mas o amigo não. Só a saudade".