A substituição de Drica Moraes por Marjorie Estiano no papel de Cora no meio da novela "Império" causou polêmica. Para Aguinaldo Silva, a escolha não poderia ser mais acertada, já que a novela não pode parar. "A situação era a seguinte: ou se fazia a substituição, ou retirávamos todas as cenas de Cora, e aí a novela ficaria capenga", resumiu em entrevista à coluna "Telinha" do jornal "Extra" desta terça-feira (9).
Segundo o autor da trama das nove, poderia ser mais coerente colocar outra atriz da mesma faixa etária no lugar de Drica, mas ainda assim essa opção não lhe pareceu coerente. "Se é para tomar uma atitude tão radical, tem que ser radical mesmo, pois ser radical em termos de ficção é a principal qualidade da novela", pontuou.
Autor lamenta saúde fragilizada de Drica
Para Aguinaldo Silva, mais difícil do que essa situação, foi o fato de ter que poupar a atriz por causa de sua saúde frágil. "Logo após as primeiras semanas já tive que aceitar a recomendação que me foi feita: era preciso poupá-la", revelou. Mas fez questão de ressaltar: "A questão é que, mesmo com problemas, Drica foi genial o tempo inteiro", disse, assim como Alexandre Nero que chamou a atriz de gênia.
E contou que escreveu com pesar algumas cenas que prometem ser apoteóticas para sua personagem: "As cenas que estão por vir - esta semana Cora se atraca com Marta e as duas rolam pelo chão, na semana seguinte ela passa a noite no cemitério, arromba o jazigo do Comendador, sai a correr feito louca pelas alamedas do cemitério ao descobrir que não tem nada lá dentro... É toda uma sequência de cenas pesadíssimas... E cada vez que eu escrevia uma delas não podia deixar de pensar que estava fazendo um mal enorme à saúde da Drica".
E apesar das alterações que precisou fazer em sua trama, Aguinaldo garantiu que não se arrependeu em nenhum momento de ter escalado Drica Moraes para o elenco. Muito pelo contrário: "Fiz uma jura: voltarei a trabalhar com ela, sim, e lhe darei uma personagem tão forte quanto Cora".
Aguinaldo garante que não teve medo da reação do público
Para o autor, a parte mais dramática da história foi ter que resolver, em pouquíssimo tempo, o rumo de sua novela: "Tudo aconteceu na quinta-feira. Desde o instante em que apresentei minha ideia 'louca' a Sílvio de Abreu até que me ligaram para avisar que Marjorie Estiano já estava na novela decorreram apenas duas horas".
Apesar disso, o autor garante que tudo foi feito 'sem maiores traumas' e que Marjorie foi direta ao topar voltar para o papel: "Depois que lhe explicaram o que estava acontecendo e lhe fizeram o convite, ela respondeu simplesmente: 'Me manda os capítulos'. Esta seria a resposta de Cora em situação semelhante", disse.
Depois disso, mãos a obra, já que Aguinaldo teve que reescrever alguns diálogos para justificar a mudança de aparência da vilã: "Eu sempre digo, e repito agora, que escrever novela não é coisa pra mariquitas. O autor que está no ar toma a cada dia decisões perigosas como essa quando lida com suas tramas". Mas, mesmo depois de tudo, garante que não teve receio da rejeição dos telespectadores. "Tive medo de Marjorie estar viajando, por exemplo. Da reação do público não tive medo, a experiência me ensinou que ele adora uma surpresa", garantiu, convicto.