Nesta sexta-feira (26), o remake de "Guerra dos Sexos" chega ao final, depois de sete meses de muita disputa, comédia e críticas. A baixa audiência foi a grande questão durante o desenrolar da trama, mas Silvio de Abreu não encara isso como um fator depreciativo para a obra e sai realizado ao dar a história por encerrada. Entre os prós e contras, há que se admitir que o autor fez um bom trabalho e encontrou uma solução criativa para o triângulo amoroso Nando (Reynaldo Gianecchini), Juliana (Mariana Ximenes) e Fábio (Paulo Rocha).
A nova versão do folhetim já desde início carregava a carga de uma grande expectativa. Com elenco de peso e o legado deixado pela popularidade de "Cheias de Charme", que a antecedeu, todos já esperavam muito da novela, antes mesmo de ela começar. Talvez por esse motivo tenha ficado difícil conquistar o ideal esperado. Mas não se pode tirar os méritos alcançados pela ótima parceria entre autor, direção e elenco.
Em vários capítulos, Silvio propôs pequenas brincadeiras e piadas internas a alguns atores, que embarcaram nesse clima de leveza e descontração, nos proporcionando momentos impagáveis, onde ficção e realidade se misturaram em cena. O jogo com a câmera, onde os personagens falam olhando direto para a lente - inovação lá na década de 80 -, foi um tanto excessivo nessa reta final, mas não deixa de ser um ótimo recurso para levar o telespectador diretamente para dentro da trama.
Drica Moraes e Reynaldo Gianecchini foram dois grandes acertos na escalação e destaques no elenco. Nieta e Nando, cada um a seu modo, garantiram momentos engraçadíssimos e se tornaram os mais carismáticos. O quarteto amoroso que dividiu as opiniões no jogo do "quem vai ficar com quem" - Juliana, Fábio, Roberta (Glória Pires) e Nando - serviu como base fundamental para a qualidade das cenas, juntamente com os protagonistas Irene Ravache e Tony Ramos, que mostraram do início ao fim porque são atores tão reverenciados.
Neste último capítulo, a grande surpresa foi a mudança no final dos dois casais. Na primeira versão, Nando ficou com Roberta. Mas desta vez escolheu Juliana. Mais um acerto do autor, uma vez que a torcida pelos dois era grande nas redes sociais. E então Silvio de Abreu tem uma sacada interessante: coloca Mariana Ximenes em cena como ela própria, na cena final de Fábio, que iria ficar sem par, já que Roberta e Felipe acabaram ficando juntos. Com isso o dramaturgo talvez tenha conseguido agradar o maior número de pessoas possível. Mas não todas, é claro.
Duas participações especiais bem breves também deram mais brilho ao último capítulo. Xuxa, a convite de Jorge Fernando, deu vida a Teresinha Romano, amiga fofoqueira com quem Frô (Marianna Armellini ) falava sempre ao telefone. Na versão anterior quem fez a participação correspondente na pele da personagem foi Regina Casé. E Fiuk apareceu para formar par com Lucilene (Thalita Lippi ), que realmente mereceu um final feliz.
"Guerra dos Sexos" pode não ter sido o sucesso absoluto de crítica e público como era esperado, mas teve momentos preciosos, como a referência feita à novela "Vale Tudo" na surra que Carolina (Bianca Bin) leva da mãe e tem o vestido rasgado. E também a merecida homenagem à cena da guerra de comida no café da manhã, que se tornou um símbolo clássico da comédia pastelão na teledramaturgia. Sinal de que a máxima "recordar é viver" não surgiu do nada.
(Por Samyta Nunes)