Luana Piovani será rival de Bruno Gagliasso, mas só para encarnar a obstinada policial Vera na série "Dupla Identidade", na Globo. A psicóloga forense, que acabou de chegar de um estágio no FBI nos Estados Unidos, irá à caça do serial killer Eduardo (Bruno), um moço bonito, estrategista e bastante perverso.
Para estimular a intensa relação entre policial e bandido da trama,Luana prefere se manter afastada do ator. "Com o Marcello Novaes eu tenho uma intimidade muito grande, mas com o Bruno (Gagliasso) não quero que isso aconteça. Acho bom que não troquemos ideias: ele faz o dele, e eu o meu", declarou em entrevista ao jornal "O Globo" deste domingo (14).
Ela e Marcello Novaes, que fará o delegado Dias, serão parceiros na trama de Glória Perez, que irá ao ar na sexta-feira (19).
"É um jogo de inteligência e de poder, com o Edu brincando e se divertindo o tempo todo. Ele é muito inteligente e deixa pistas para a Vera. Essas provocações o fazem se sentir vivo", diz Bruno, que também optou por se manter longe de Luana enquanto as cenas de "Dupla Identidade" são gravadas. "Não conversamos. É bom para mim e para ela que haja esse estranhamento. Para que um possa surpreender o outro, deixando o frescor para a cena".
"Ele vai chegando cada vez mais perto de mim. Faz com que eu note isso. É perturbador. Iremos perder de quatro a cinco vítimas, vai batendo um desespero na polícia. Mas com o tempo, vamos juntando os rastros", conta a atriz, empolgada.
Longe da TV desde o fim de "Guerra dos Sexos", Luana Piovani esteve em cartaz com peças infantis, mas conta que aceitou o papel de Vera como um novo desafio. "Estou interpretando uma mulher que lida com a pior parte do ser humano, com o mais alto teor de crueldade. O tom de voz dela é outro, mais grave, ela não fica fazendo piada, não é histriônica como eu", diz.
Bonitinho, mas psicopata
Enquanto a polícia não encaixa todas as peças para prender o criminoso, Eduardo agirá perversamente para matar cada uma de suas vítimas. Para Bruno, Edu quer ter alguns momentos de prazer, para se sentir um deus.
"Ele é viciado em poder. Fica brincando com a vítima até matá-la. E de qual forma ele se sentiria mais perto de ser Deus? De ter o controle sobre vida e morte? Com as mãos. É assustador! Chega a dar nojo. O serial killer é o ser mais desprezível que existe", avalia o ator, que se inspirou na literatura de Ilana Casoy e em filmes como "O iluminado" para compor o personagem, mas não só nisso.
"Gosto muito de me inspirar na realidade. Tudo isso resultou no que é o Edu. Mas o personagem nunca está pronto. Cada cena que eu faço é completamente diferente uma da outra". O ator que impressionou nos testes para garantir o papel na série. "Acho que nunca vamos entender a cabeça de um psicopata. Se os psicólogos e os cientistas não conseguem, não sou eu quem vai entender. Mas vem daí tanto fascínio".
Na série, Edu namora Ray (Débora Falabella), uma mulher doce que também precisa lidar com as múltiplas personalidades de Edu. "Com a Ray, ele morde e assopra. Passa uma noite maravilhosa com ela e depois não atende o telefone. Brinca, diverte-se, tem prazer de estar com ela. É uma relação perfeita porque ele a tem nas mãos", diz o ator.
A autora da trama, Glória Perez, chegou a fazer o convite para Bruno encarar o papel, mas achou o ator muito novo e voltou atrás. Bruno reagiu. "Falei: 'Não sou novo! E quero fazer o teste'. Não pensei em parecer mais velho e sim em fazer com verdade. Fui até sem barba, com cara de novo. O Edu é um personagem de detalhe. Fui preparado, estudado. Foi aí que eu ganhei", festeja o ator, que melhorou o condicionamento físico por causa do personagem. "Estou até malhando mais o antebraço porque o Edu precisa de força nessa região para esganar as vítimas".
Preparada
"True detective", "The fall" e algluns julgamentos de serial killers serviram para Luana compor a sua personagem, além de ter feito aulas de tiro e e visitado delegacias. A própria autora também foi uma referência para a atriz, que passou fez o laboratório mais longo para um papel. "A Gloria é uma fonte viva de informação. Ela chega a mandar conteúdo por e-mail às 3h da manhã! O tempo todo envia sites, matérias e pesquisas sobre o tema até de fora do Brasil", conta.
A atriz revela que o fato de fazer terapia há mais de dez anos também ajudou a definir a personalidade de Vera. O resultado deste trabalho gerou uma vontade de Luana cursar psicologia.
"Quanto mais a gente conhece as nossas vulnerabilidades, mais aprende a lidar com elas. Todos nós temos vulnerabilidades. A questão é como você lida com elas, se isso a deixa enfraquecida ou não. Agora, além disso, a análise me fortalece como pessoa e, como profissional, me torna mais conhecedora das minhas ferramentas. Apesar de os seres humanos serem únicos, os questionamentos são muito parecidos", analisa a atriz.