Sempre fui um leitor assíduo, porém tenho lido pouco no momento. Acredito que assim como muitos leitores, é mais fácil recorrer nos momentos de lazer ao celular ou à televisão quando se está esgotado. Porém, nesse fim de semana comecei a assistir uma série que me fez voltar a ter esse hábito.
E apesar de ter me conquistado de forma completa e absoluta, comecei a pensar em deixar de vê-la. O motivo é que a cada novo capítulo assistido, mais fico com vontade de ler os livros que deram origem à série. "A Saga das Amigas", de Elena Ferrante, não era desconhecida para mim, mas nunca havia me chamado atenção.
Mas o seu estrondoso sucesso internacional me fazia desconfiar. E isso apesar de amigos próximos que sempre me recomendarem por anos, dei a oportunidade de ler o primeiro livro: "A Grande Amiga".
E com esse mesmo nome se batizou a série adaptada dos livros para a TV por quatro temporadas. Cada uma delas soma oito episódios, estrearam em 2018 e acabam este ano, com exibição do último episódio em 18 de novembro. É o momento perfeito para poder acompanhar na íntegra pela HBO Max.
Preciso dizer que bastou apenas o primeiro episódio para me fisgar de uma forma que não esperava e só precisei de dois capítulos para me apaixonar pelos personagens. Aliás, a série consegue transmitir a sensação deixada pelas grandes novelas: a de reunir de forma massiva um grupo de amigos com os quais você conviveu por muito tempo, passando a conhecer bem e a amar.
Agora tenho um grande dilema: ou continuo a assistir a série ou então paro e leio primeiro os livros. Os maiores fãs me garantem que a adaptação é muito bem feita e totalmente fiel aos livros. Porém, no roteiro fica bem claro o quanto é fascinante a voz de Lenú, a narradora, e que suas reflexões e observações só têm o mesmo feito através da palavra escrita.
Para quem não conhece essa tetralogia, o pano de fundo é a cidade de Nápoles em meados do século passado e que tem como protagonistas Lenú e Lila, duas meninas que crescem em um ambiente adverso e praticamente sem serem doas do próprio destino. A relação, às vezes conflituosa entre ambas, está acompanhada de outros personagens peculiares que transformam a história em algo épico e que mostra a realidade nua e crua de um bairro pobre, habitado por gente que cumpre sem questionamentos a lei do mais forte.
Mas a característica da história é a forma como os personagens intrigam e conquistam o público através de suas emoções e da maneira que conseguem seguir adiante sem recorrer à inteligência.
A autora, cuja identidade foi secreta por muitos anos, tem explicado que nessa saga para contar a vida de duas mulheres era preciso filtrar a história levando ao fundo de suas existências. Ou seja, as coisas que de uma forma ou de outra tinham a ver com elas. Sinceramente, só estou contando os minutos para poder ver o próximo episódio e saber como será a continuação.