Com a quinta temporada de "The Crown" no ar, a passagem de Diana pela família real, que perdeu a rainha recentemente, vem sendo vista passo a passo na série da Netflix. Uma questão retratada na produção foi a crise no casamento de Charles e Diana , que se divorciaram em 1996, e a polêmica entrevista dada pela princesa à BBC no programa Panorama. O que foi dito na entrevista e a repercussão foram retratados em alguns episódios da série.
De acordo com a narração da série, a repórter Martin Bashir manipulou documentos que levaram Diana a acreditar que estava sendo espionada pela família real, mas a série não mostra com profundidade como isso afetou Diana, principalmente porque os desdobramentos só viriam a público após 25 anos.
Com a falta de ética da imprensa na década de 1990, os veículos usavam métodos contraditórios para conseguir um furo, incluindo grampos nos telefones de celebridades. Foi assim que Charles, atual Rei Charles III, falou publicamente sobre sua infidelidade à Diana, no ano seguinte foi a vez de Diana ser assistida por quase 200 milhões de pessoas ao redor do mundo em uma entrevista bombástica.
Durante a entrevista, Diana chegou a dizer que existiam três pessoas no casamento, se referindo a Camila Parker, então amante de Charles e atual rainha. Diana também revelou que teve um caso fora do casamento e ter sofrido de depressão pós-parto após o nascimento de William, fazendo os membros da realeza a descreverem como "mentalmente instável".
Por Diana ser impedida de falar publicamente sobre suas intimidades quando era casada com Charles, a entrevista serviu para a princesa desabafar sobre o autoflagelo e distúrbios alimentares.
Os bastidores da entrevista dada por Diana, mãe de Harry, herdeiro que abandonou a família após casamento com Meghan Markle, foram expostos e os métodos usados por Martin fizeram o público duvidar sobre até onde Lady Di iria se não tivesse sido manipulada.
Em 1995, Bashir chamou atenção quando um designer gráfico que ajudou o repórter buscou os superiores na BBC para explicar que houve manipulação com a fabricação de extratos bancários feitos por ele a pedido do jornalista. Esses documentos foram usados para manipular Diana ao fazerem ela acreditar que estava sendo vítima de um plano para ser silenciada.
Martin confessou a manipulação, mas alegou que não mostrou os extratos para Diana. "Martin Bashir não me mostrou nenhum documento nem me deu nenhuma informação que eu não soubesse anteriormente. Concordei com a entrevista no Panorama sem nenhuma pressão indevida e não me arrependo", dizia um bilhete escrito pela princesa.
A história voltou à tona em 2022 quando o jornal Sunday Times afirmou que o jornalista mostrou as falsificações para o irmão de Diana, tentando convencê-los de que funcionários estavam vazando informações e que serviços de seguranças estavam vigiando a princesa. Foi assim que Diana foi apresentada ao jornalista e convencida a dar sua versão dos fatos.
Em 2021, o The Daily Mail mostrou que além das falsificações, Diana teve acesso a falsos recibos de aborto, sugerindo que Charles teve um caso com uma das babás da família. Após as revelações, um inquérito da BBC foi aberto e as 127 páginas do relatório mostram que Bashir usou "métodos enganosos" para manipular Diana e conseguir a entrevista, tentando acobertar esse erro ao longo dos anos. Bashir deixou a emissora em 2021 antes de receber a sentença de culpado por fraude e violação da conduta editorial.
"Se tivéssemos feito nosso trabalho corretamente, a princesa Diana saberia a verdade durante sua vida. Nós a decepcionamos, à família real e ao nosso público. Decidi que a BBC nunca mais exibirá o programa; nem vamos licenciá-lo no todo ou em parte para outras emissoras", declarou Tim Davie, diretor-geral da emissora.
A BBC devolveu todos os prêmios conquistados com a entrevista e fez a doação de 1,4 milhão de libras lucrados com a entrevista para instituições que Diana costumava apoiar.