A jornalista Sandra Moreyra perdeu a batalha contra o câncer e morreu, aos 61 anos, nesta terça-feira (10), no Rio de Janeiro. A repórter da TV Globo havia descoberto a doença pela terceira vez no mês passado. "Novamente estou sendo posta à prova. Mais um tratamento pra fazer. Eu amo a vida. E vou em frente", disse na ocasião através de sua conta de Twitter. Em março, o câncer vitimou Beatriz Thielmann.
Sandra era casada com o arquiteto Rodrigo Figueiredo, com quem tinha dois filhos, Cecilia e Ricardo, além de um neto, Francisco. O velório da jornalista será na quarta-feira (11), às 12h, no Cemitério Memorial do Carmo, no Rio.
Jornalista já vinha lutando contra o câncer desde 2008
Em 2008, Sandra Maria Moreyra, nascida em 28 de agosto de 1954, já havia enfrentado a doença no estômago, que retornou em 2013, agora no esôfago. Em conversa com o Purepeople, em agosto de 2013, a repórter contou o motivo de ter desabafado em sua conta de Facebook. "Pensei umas cem vezes antes de escrever e me expor por aqui, mas tenho recebido muitas mensagens de tantos amigos que aí vai: comecei a quimio", explicou a jornalista.
Ao enfrentar o câncer, a jornalista ficou três semanas no CTI e uma na unidade sem intensiva, até ser transferida para o quarto. No início do ano passado, Sandra enfrentou uma cirurgia de 14 horas para retirada de um tumor no esôfago descoberto em 2013. Durante o tratamento, a repórter precisou receber transfusão de sangue e ficou com uma das cordas vocais paralisadas.
Relembre a carreira de Sandra Moreyra
O jornalismo não surgiu por acaso na vida da jornalista. O bisavô paterno colaborava com um jornal no Rio Grande do Sul. O avô, Álvaro, foi membro da Academia Brasileira de Letras e dirigiu revistas nos anos 50 como "Paratodos". O pai, Sandro Moreyra, foi um renomado jornalista esportivo. A filha da jornalista, Cecília, também seguiu os passos da família e formou-se na mesma carreira.
Sandra ingressou no jornalismo como estagiária do "Jornal do Brasil" em 1975, um ano antes de sua formatura. Ainda em 1976, foi contratada pelo jornal e dois anos depois mais tarde começaria, de fato, a carreira de repórter. Em entrevista, lembrou que por causa do marido, deixou o periódico em 1979 e se mudou para a Argélia. Ao voltar para o Brasil começou a trabalhar numa agência de publicidade, onde iniciou seu contato com o vídeo.
Depois, Sandra morou em Salvador, trabalhando na TV Aratu, na época afiliada da Globo. Mais tarde, foi para a Bandeirantes e, posteriormente, para a TV Manchete. Na volta à Globo, em Minas Gerais, cobriu a eleição e morte de Tancredo Neves para o "Jornal Nacional". Outra reportagem marcante foi do naufrágio do Bateau Mouche no Réveillon de 1988/1989, no Rio. "Eu estava grávida, com o maior barrigão e fazendo 'flash' daquilo. Uma coisa maluca, e a gente nem se tocou", recordou em depoimento ao site "Memória Globo".
Sandra também fez matérias para o "Globo Repórter" e "Bom Dia Brasil", onde assinou a coluna "Arte da Mesa". A jornalista também apresentou o "Espaço Aberto", na Globo News, e produziu a série de reportagens "1808 - A Corte no Brasil", exibida em 2008. Em 2013, lançou o documentário "Setenta".
(Por Guilherme Guidorizzi)