Prestes a entrar em "Lado a Lado", Rogéria está radiante. Difícil é saber quando ela não esteve, já que nunca transpareceu. Atriz e transformista, a loira, de 69 anos, dará vida à diva do teatro Alzira Celeste - mãe da personagem de Maria Padilha, Diva Celeste - na novela da Globo, como não poderia deixar de ser.
O humor sutil e irônico de Rogéria entra em cena no capítulo 136 (que vai ao ar no dia 12 de fevereiro) e ela ainda não sabe nem quando começa a gravar nem quanto tempo vai durar na trama de João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Sentada em seu apartamento no Leme, bairro da zona sul carioca, a artista deixou o primeiro texto de lado para falar com o Purepeople contando que, apesar de ainda não saber detalhes sobre a personagem, está feliz de voltar à TV.
"Sempre faço shows, mas televisão é televisão. Estou feliz da vida porque meu país querido não tem preconceito. Vou fazer 70 anos. Tudo isso é um presentaço", comemora. O aniversário, em maio, segundo ela, será intimista. Coisas da maturidade. Hoje, ela preza pelos poucos e bons. "Queriam fechar o Leme, mas cansei. Foram muitos aniversários, muitas festas", recorda.
No bairro que escolheu, Rogéria optou por viver só. A atriz só viveu o casamento uma vez, aos 19 anos, com seu único grande amor. "Não conto o nome porque pode dar processo, sabe como são essas coisas. Mas para mim, só teve um... Só teve um porque a junção de sexo com amor, só consegui com ele. Os outros foram amantes".
Diante de tantas denominações para gêneros criadas a cada ano, ela simplifica. "Sou homem. Para homem, nada pega mal, meu amor. Sou um artista. A arte é independente do sexo", afirma.
O interesse na mudança de sexo nunca existiu. Nesse ponto, prefere continuar sendo "ele" e se abster do efeito que denomina "buraco negro" advindo da cirurgia. "Rogéria é uma artista, não sou trans. Respeito elas, mas para mim, ser uma boa artista sempre foi suficiente", afirma.
Por isso, o nome na identidade prevalece no masculino. "Deus me livre de mudar!! Sou Astolfo Barroso Pinto - Pinto que ainda tenho", dispara.
(por Raisa Carlos de Andrade)