O próximo episódio do programa "Grandes Atores", do canal pago Viva, mostrará a entrevista feita com Reynaldo Gianecchini. No bate-papo, que irá ao ar no próximo dia 29, o artista - que já grava cenas de sua próxima novela - relembrou sua infância em Birigui, no interior de São Paulo.
"Sou de uma família de muitas mulheres, cresci sendo muito mimado por elas. A vizinhança também tinha muitas, impressionante. Era meu destino ser cuidado por elas, fiquei mal acostumado. De uma certa forma, pude entender a alma feminina, mas acho sempre muito difícil compreender uma mulher", opinou ele.
Os tempos em Birigui também o ajudam na carreira. "Quando vou trabalhar como ator, busco muito na minha infância. Tive uma infância linda e abençoada. Isso é a minha matéria-prima, a primeira que vou buscar nos meus trabalhos', contou.
'Abriu minha cabeça para o lado artístico', sobre ser modelo
Desde cedo, no entanto, Giane sabia que seu futuro não seria no interior de São Paulo. Aos 18 anos, saiu de casa para estudar Direito, pois queria ser diplomata. "Também passei a trabalhar como modelo e, nessa época, fui à boa parte do mundo: Japão, Itália, França, EUA. Foi muito importante essa fase de descoberta, amadureci bastante. Abriu muito a minha cabeça para o lado artístico. Acho que foi um grande começo para essa grande formação que é ser ator", opinou.
A vida de modelo acabou, no entanto, não o satisfazendo mais. "A transição de modelo para ator deu-se através de uma crise. Queria fazer outras coisas. Estava me incomodando aquela coisa de trabalhar só com o corpo. Achei que estava 'emburrecendo' também. Eu viajava demais, não tinha tempo para estudar", relembrou o artista, que completou 42 anos em novembro do ano passado.
'A Gabi é uma mulher tão extraordinária, cheia de talentos'
Durante esse período, Gianecchini conheceu Marília Gabriela, com quem foi casado por oito anos. "Recebi um chacoalhão dela: 'Tem muita coisa dentro de você. Tem que trabalhar isso', ela me disse. E a Gabi é uma mulher tão extraordinária, cheia de talentos, que estar com ela já era um chacoalhão enorme", opinou.
A partir daí, Giane foi fazer teatro e, um dia, um produtor da TV Globo foi assisti-lo e o convidou a interpretar Edu, em "Laços de Família" (2001). "Ele disse que o personagem tinha o meu perfil. Mas eu estava muito ocupado na época, com viagem marcada, e expliquei que não tinha muito interesse em TV. Só quis saber como era o papel. Quando ele disse que era para ser par da Vera (Fischer) eu aceitei na hora", contou, rindo.
'Assistia e via que estava insuficiente', diz sobre estreia
Ele considera o personagem Edu como um presente do autor Manoel Carlos. "Devo muito a ele. Mas foi desumano para mim, no sentido de que sofri muito, já que eu era o meu maior crítico. Eu assistia e via que estava insuficiente. Sabia que podia aprender e fazer muito melhor. Mas, diante do que tinha, era o que eu podia oferecer, sem a experiência", lembrou.
Na novela, além de Vera, contracenou com Marieta Severo, que interpretava sua tia, Alma. Em "Verdades Secretas", próxima novela das onze, os dois vão repetir a parceria. "Trabalhei com as duas de cara e elas foram muito parceiras. Sacaram o que eu queria e tiveram muita paciência", contou ele, que, hoje em dia, é convidado para as novelas por autores.
'As pessoas esperam que você seja sempre o galã'
Ainda no bate-papo, Giane falou sobre o peso do rótulo de galã que carrega. "Comecei sendo o mocinho, o bonito. Tem sido assim... Acho que as pessoas esperam que você seja sempre o galã, o príncipe. Tem um preço isso tudo, né? É como se, às vezes, eu tivesse que pagar um pedágio. Obviamente, sempre senti cobrança. Mas acho que foi bom, porque corri mais atrás", disse.
Para ele, o momento mais difícil na carreira, até agora, foi o retorno ao trabalho após o tratamento contra um linfoma não-Hodgki, que contou com um transplante de medula. Ainda se recuperando, ele deu vida ao personagem Nando no remake de "Guerra dos Sexos" (2012). "Eu estava super debilitado fisicamente. Ainda no hospital, lembro que recebia os capítulos e ficava cansado só de ler. Era o momento de menor energia da minha vida e o personagem não parava quieto, né?", relembrou.