Não é segredo para ninguém que ser mulher e empreender é algo que requer ainda mais esforço para provar valores e impor respeito. Fruto do avanço na garantia dos direitos femininos e no caminho à equidade entre homens e mulheres, o empreendedorismo feminino traz, além da celebrada diversidade, uma quebra de paradigmas e uma desejável renovação no mundo dos negócios. É também fundamental para a geração de um ecossistema empreendedor que propicie o surgimento de novas empresas.
Há ainda vários obstáculos a serem superados para que as oportunidades para homens e mulheres sejam justas e equivalentes, embora representem 52% da população, as mulheres ocupam posição de destaque em apenas 13% das 500 maiores empresas brasileiras.
O empreendedorismo possibilita a construção de uma sociedade mais justa, pois gera oportunidades de liderança para as mulheres. Assumir o próprio negócio é uma forma de empoderamento e de ascensão para cargos de liderança, com o potencial de colaborar para a modificação desse quadro de desigualdade.
Uma das mulheres mais poderosas do showbiz no Brasil, Bete Dezembro, que é sócia da Four Even Produções e Eventos, tem ajudado, através de sua percepção de liderança, a consolidar um novo modelo de negócio no setor, através dos fundos de investimentos.
A empresária chegou ao mercado com um modelo de negócio que agrada artistas e contratantes. Através do fundo de investimentos, Bete adianta o pagamento de espetáculos a artistas, com desconto, e depois recebe o valor cheio pago por quem contrata os shows.
O serviço ainda prevê uma assessoria para os cantores e o fundo também fica responsável pela venda dos shows e pela contratação de seguros, para que o fundo não perca rentabilidade.
Atualmente, o fundo Four Even já conta com sete artistas que venderam seus shows para a empresa. Ao lado de seus quatro sócios na Four Even, Bete Dezembro gerencia os shows de Gusttavo Lima, Cesar Menotti e Fabiano, Sorriso Maroto, Dubzdogs, Vintage Culture, Clayton e Romário e Junior Marques.
Mas apesar do sucesso com seu novo modelo de negócios, Bete Dezembro precisou lidar com o machismo estrutural, principalmente no começo da carreira. Se fazer respeitar num mercado majoritariamente masculino demandou preparo três vezes além do normal, vestimentas adequadas para que atenções não fossem desviadas e excelente oratória para se fazer ser entendida e gerar credibilidade.
"O tempo todo precisamos provar o nosso valor e impor respeito às nossas trajetórias", comenta a empresária.
Dentre os principais desafios que o empreendedorismo feminino enfrenta estão, a jornada múltipla, o preconceito e a falta de incentivo. Muitas mulheres acabam se dedicando a seus negócios em tempo parcial para conseguir conciliar o trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Essa jornada múltipla acarreta uma carga física e psicológica muito alta. Conciliar empresa, casa, família e estudos não é fácil, mas ainda assim as mulheres assumem esses vários papéis e realizam essas tarefas com garra, mesmo que fiquem extremamente sobrecarregadas.
A discriminação baseada em estereótipos de gênero, nomeada sexismo, é outro grande desafio que o empreendedorismo feminino enfrenta. Mulheres ainda sofrem julgamentos desiguais em relação aos homens. Por sua vez, eles ainda são considerados mais competentes em assuntos relacionados a negócios.
Como se não bastasse, as empreendedoras sofrem com a falta de apoio de suas próprias famílias. Também encontram dificuldade de aceitação entre os amigos, que não confiam no potencial de seus negócios. Apesar disso, algumas instituições vêm investindo em negócios criados por mulheres, por entender que quando uma mulher tem um negócio ela se preocupa com todo o entorno.