Osmar Frattini contestou o laudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica. O piloto é quem comandava o avião que levava Luciano Huck, Angélica e os três filhos, além de duas babás quando a aeronave precisou fazer um pouso forçado em fazenda do Mato Grosso do Sul. Ao aterrissar, o apresentador acabou fraturando uma vértebra e a apresentadora sofreu lesão abdominal. "Eu fiz tudo certinho no checklist. O (José) Flávio (de Souza Zanatto, copiloto) que executou e ele perguntava. Não é à tona que quando eu decidi pousar eu disse que ele seria 'o meu comando' para reduzir e cortar o motor", se defendeu Osmar.
Na semana passada, um documento produzido pelo Cenipa apontou que o avião não poderia ter decolado com a família. Além disso, indica falha nos equipamentos e erros tanto dos pilotos como da empresa de táxi-aéreo. "Para nós não tinha como desconfiar. Está tudo marcado igual, está funcionando. Você confia que o equipamento está marcando e, de repente, não está marcando", apontou em entrevista para a TV Morena, afiliada da TV Globo naquele estado. Segundo o laudo, houve pane seca - ou seja, falta de combustível no tanque da asa esquerda aliado à incapacidade do motor da outra asa dar prosseguimento ao voo. Além disso, tanto Osmar como José Flávio foram acusados de não terem feito o checklist obrigatório em casos de pane.
Depois do susto, a família dos apresentadores recorreu à terapia para se livrar do trauma e o comandante do "Caldeirão do Huck" chegou a ajudar financeiramente Osmar. O documento do Cenipa afirma também que a aeronave poderia ter chegado a Campo Grande, capital do Mato Grosso. O piloto contestou essa informação. "A intenção era prosseguir até Campo Grande, mas eu estava perdendo muita velocidade, caindo muito rápido. Então tomei a decisão do pouso forçado mesmo", indicou. O piloto falou ainda da intenção de José Trad, advogado do MS Táxi Aéreo de responsabilizá-lo sobre o acidente. "A empresa determinou ser de uma forma e era assim. Muito mais fácil você ser substituído do que arrumar o problema", respondeu. O laudo acusa a empresa de obrigar seus pilotos a voarem sempre que fosse possível.
O documento que investiga as causas do acidente aponta que o gravador de voz e um sistema responsável por diminuir de forma automática a resistência do ar em uma das hélices quando ela para não estavam funcionando. E equipamentos fundamentais para o despacho do avião não eram levados para a manutenção por decisão da empresa. "Você leva um avião para manutenção com itens para serem feitos, você pega o avião e sai para um voo e começa a aparecer um, outro e outro problema. Cansei de não fazer voo e eles mandarem um menino novo. Minha intenção era forçar eles a fazerem a manutenção", explicou. Na época do acidente, tanto Luciano como Angélica agradeceram o fato de todos terem sobrevivido. "Quando o motor apresentou a falha, a primeira coisa que eu vi foi o liquidômetro do avião e havia combustível. Se havia combustível eu não pensei em nada sobre falta de combustível, mas sobre motor. Quando o motor apresentou a pane, fizemos todos os procedimentos, checklist, emergências", finalizou Osmar.
(Por Guilherme Guidorizzi)