
Renato Aragão completa 90 anos nesta segunda-feira (13) e terá sua trajetória celebrada no especial “Tributo”, exibido pela TV Globo. O que muita gente não sabe é que essa carreira gloriosa quase não teve início por conta de uma tragédia. Em setembro de 1958, o humorista estava a bordo de um avião que caiu e matou 13 pessoas.
Na madrugada do dia 05 de janeiro de 1958, um avião da extinta companhia aérea Lóide Aéreo Nacional saía do Rio de Janeiro rumo a Fortaleza. Seria um dia inteiro de escalas por diversas cidades do Brasil até o destino final.
Estudante de direito na Universidade Federal do Ceará (UFC) e com 23 anos, Renato pegou o avião em Recife, onde participou de jogos universitários por um time de futebol. Desclassificados ainda na primeira fase, ele e um colega, jogador de basquete, trataram de voltar à capital cearense.

Quando o avião se preparava para decolar em Campina Grande, na Paraíba, uma forte névoa tomou da cidade, o que prejudicou a visibilidade e impediu a primeira tentativa de pouso. O piloto, então, optou por voar mais baixo em torno do aeroporto para tentar visualizar a pista e pousar com referências visuais.
No entanto, uma das asas do avião bateu em um morro e se descolou da aeronave. O avião caiu em uma região de mata. Das 18 pessoas que estavam a bordo, 13 morreram.
Como causas do acidente, o relatório final apontou um procedimento impróprio feito pelo piloto e informações meteorológicas erradas passadas para ele.

Em depoimento ao especial “Nosso Querido Trapalhão”, da Globo, Renato relembrou os momentos de tensão que sucederam a tragédia.
“Fui atrás do meu colega, a gente se encontrou e nos abraçamos, fomos rezar. Foi um momento maravilhoso de agradecimento, rezamos para agradecer por estarmos vivos. Ficamos ali ajudando e quando tudo ficou mais calmo a gente se perguntou 'onde nós estamos?'. Era no meio de uma floresta, ninguém sabia”, diz o humorista.
Além disso, Renato ainda precisou fugir de ladrões, que saquearam com facas as vítimas da tragédia. “A gente ficou sentado esperando, escutamos um barulho na mata, era gente com facão e veio uma multidão de facão pra saquear o avião. Os primeiros que vieram tiraram alianças de pessoas mortas”, expôs.

Renato e o colega correram pelo caminho oposto dos ladrões. Foi uma longa caminhada pela mata até chegar à cidade. “Eu nunca andei tanto na minha vida para chegar lá, mas a gente sabia que era por ali", conta.
Apenas dois anos depois do acidente, Renato iniciou a carreira como ator. Em 1960, ele fez parte do programa “Vídeo Alegre”, da extinta TV Ceará.