No mês de conscientização sobre o câncer de mama, tumor maligno que mais acomete as mulheres em todo o mundo, a importância da solidariedade e da empatia pode ser expressada de diferentes formas: seja através da doação de mechas de cabelo ou de próteses que tragam de volta a autoestima de pacientes que passaram por mastectomia. A americana Annie Dennison, moradora do sul da Califórnia, viu em bonecas a possibilidade do empoderamento de mulheres com a doença e criou o projeto fotográfico "Barbies Losing It", no qual adapta as icônicas bonecas à realidade de mastectomizadas. "O projeto começou em 2016, quando eu passei pelo tratamento de um câncer de mama primário. Quando perdi todo meu cabelo com a quimioterapia e estava muito doente para sair por aí com minha câmera, criei um 'exército de Barbies carecas' para fotografar em casa. Comecei a dividir as imagens das bonecas no Instagram em outubro de 2017", conta em entrevista ao Purepeople a americana, formada em psicologia.
Nos dois anos de projeto, Annie já customizou 50 bonecas, incluindo Barbies e Kens. Entretanto, a ativista explica que não consegue estipular o tempo de confecção exato de uma. "É difícil responder, isso depende... Porque eu mudo coisas diferentes em cada boneca. Cortar o cabelo leva alguns minutos, tornar uma completamente careca pode levar 20 a 25 minutos. Queimar ou derreter um peitoral de uma Barbie (ou Ken) para criar a aparência de uma cicatriz de mastectomia pode levar cerca de uma hora. Depois, crio efeitos especiais, como tatuagens, nas fotos usando editores de imagens, como Photoshop. E isso pode levar de 5 minutos a meia hora, dependendo do efeito que eu quero para a boneca", pondera.
Para cada Barbie personalizada, a artista cria um nome relacionado a algum sentimento ou sintoma físico de mulheres que superaram a doença, como "Senhorita Montanha Russa Emocional" ou "Senhorita Ansiedade Pré-Exame". "Alguns nomes eu escolho para trazer mais humor para o câncer, porque é, normalmente, uma experiência muito séria e terrível. Outros, escolho porque quero homenagear histórias que pessoas dividiram comigo sobre suas histórias com a doença. E há ainda aqueles que coloquei para expressar como eu me senti depois de ter câncer", afirma a americana. Com a visibilidade trazida pelo projeto, ela busca, agora, atender outras mulheres que desejam se ver refletidas nas bonecas: "Recebo muito retorno de pessoas que uma Barbie em especial do projeto a tocou de forma única. E isso é muito especial. Pessoas e instituições já me procuraram para personalizar uma Barbie e eu tenho uma lista longa de solicitações".
(Por Marilise Gomes)