Conhecido por suas declarações diretas e polêmicas, Ney Latorraca foi entrevistado pelo programa "Grandes Atores", do canal a cabo "Viva". O ator de 70 anos, que recentemente relembrou sua carreira no programa "Estrelas", contou que suas escolhas profissionais são feitas com base em um ensinamento de sua mãe, Nena.
"Antes de morrer, ela revelou que preferia que eu vendesse empadinha, que é uma coisa nobre, a fazer um papel ou trabalhasse com um diretor de que não gosto", disse. A escolha pela carreira artística também foi para dar orgulho à dona Nena e seu Alfredo, pai do ator.
"Nunca tive nada em casa. Lembro-me da minha mãe falando que eu era filho de um casal pobre, e o que viesse para mim era lucro. Ela me deu esse poder, essa coragem. Me ensinou a não ter medo de nada. Eu dizia que ia brilhar para eles". Ney afirmou ainda que considera seus colegas de trabalho como parentes. "É engraçado, né, não tenho mais a biológica, exceto minha prima e as crianças. Minha família, para valer, é a minha classe, a artística. Eles que me cercam, são meus irmãos. Isso existe, e eu brigo por eles", disse.
Ator passou por problemas de saúde e ficou em coma em 2012
Ney Latorraca viveu uma experiência dramática em 2012, quando ficou 50 dias internado. Após uma cirurgia de vesícula, o ator teve uma infecção generalizada e entrou em coma. "Quase morri, os médicos achavam que eu ia embora. É uma sensação que poucas pessoas têm, uma coisa raríssima essa de quase ir e voltar. Eu vi o meu pai e a minha mãe, ouvia coisas: 'Não fique tenso, fique tranquilo'. E eu lá conectado, com aqueles milhares de fios e aparelhos. Então acho que eu me salvei por uma conjunção de forças", disse Ney, que teve alta em dezembro daquele ano, em recente entrevista ao jornal "O Globo".
Recuperado, ele está de volta às caminhadas em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, no bairro da Zona Sul do Rio onde mora e já foi clicado ao lado do ator Murilo Rosa, que passeava com a família no local. Atualmente, Ney está revivendo parte das sensações que teve com a internação de 2012 no espetáculo "Entredentes", dirigido por Gerald Thomas.
"Na peça, além de eu viver um judeu ortodoxo, e o Edi Botelho, um islâmico radical, nós também somos nós mesmos, sem personagens. O Gerald me conhece e coloca em cena muitas histórias da minha vida. A minha mãe e o meu pai nos cassinos, meu começo no teatro e até o coma. É muito complicado mexer nisso em cena, porque eu não estou protegido, atrás de um personagem. Ali eu sou o Ney e não estou fazendo gracinhas, mas contando uma história. Tem o meu coma no palco. É difícil fazer. Gerald tem humor, mas limpou a cena de brincadeirinhas e nos coloca dentro do texto. É tudo feito com muita verdade", garantiu o ator.