Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira (05), aos 84 anos. O humorista deu entrada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no último dia 28 para tratar um quadro de pneumonia. Durante toda a manhã, amigos e colegas de trabalho prestaram homenagens emocionantes ao artista.
De acordo com nota divulgada pelo hospital, Jô Soares faleceu por volta das 2h20 da madrugada; o mesmo horário em que ele encantava o Brasil com sua genialidade durante anos, até o fim do "Programa do Jô", em 2016.
Como homenagem, o Purepeople destaca diversas curiosidades sobre a vida e a carreira de Jô Soares, que, hoje, faz o país chorar, mas será sempre lembrado como um agente da alegria.
Jô se consagrou como humorista e comediante e, em 1987, fez uma transição marcante na carreira ao tornar-se apresentador de talkshow. Pioneiro do formato no Brasil, o artista entrou para a história de duas emissoras com suas icônicas entrevistas.
No SBT, onde esteve no ar entre 1988 e 1999 com o "Jô Soares Onze e Meia", ele realizou 6.927 entrevistas, distribuídas entre 2.309 edições. Já na TV Globo, onde retornou em 2000 para apresentar o "Programa do Jô", foram 14.426 entrevistas em 16 temporadas. Ao total, foram 21.353 entrevistas.
Quando trocou a TV Globo pelo SBT, Jô Soares não visava vantagens financeiras. Ele aceitou o convite de Silvio Santos, justamente, pela possibilidade de comandar um talkshow noturno. Mesmo assim, ele foi muitíssimo bem remunerado por isso.
Segundo a revista Veja, Jô triplicou de salário ao chegar no SBT e passou a receber 2 milhões de cruzados, um valor astronômico para os padrões da televisão na época. Com isso, ele se tornou o artista mais bem pago da TV brasileira. O humorista chegou à emissora com recepção digna de estreia, com direito a interrupção de telejornal apenas para Silvio Santos anunciar a contratação.
Uma das marcas mais famosas do "Programa do Jô" era a caneca onde o apresentador e os convidados bebiam... água? Jô, pelo menos, costumava variar os líquidos. "Semana passada ele tomou um pouco de água, mas ele já tomou até uma sopinha naquela caneca, mas, geralmente, ele toma refrigerante diet", disse Alex, o garçom do "Programa do Jô", em entrevista ao Gshow.
Em 2016, Jô deixou escapar qual o sabor do refrigerante que costumava tomar. A confissão ocorreu durante uma entrevista com Danielle Winits, que ofereceu uma taça de vinho para ele. "Vinho para mim não, obrigado. Eu tenho meu guaraná aqui e eu brindo com ela. Vixi, falei que era guaraná. Mentira, gente, é água", desconversou.
Em outubro de 2014, Jô Soares perdeu o único filho, fruto do casamento com a atriz Teresa Austregésilo. Rafael Soares morreu aos 50 anos, vítima de um câncer no cérebro. O humorista não deixou de apresentar o seu programa no dia da perda e justificou a escolha de estar no ar em um momento tão difícil com uma história emocionante.
"Uma vez, numa livraria, ele chegou junto ao caixa carregando uma dúzia de livros. Eu estranhei e falei 'é muito, doze não, escolhe seis'. Ele falou 'então, não quero nenhum'. Eu pensei que era malcriação. Ele respondeu 'Eu prefiro não escolher. Porque escolher é perder sempre", contou Jô. "Hoje, eu também não preciso escolher. Como ele nunca faltou ao seu trabalho, também não posso faltar o meu", explicou.
Em 2012, Jô foi um dos convidados do quadro "O Que Vi da Vida", no Fantástico. Ao se assumir como um "hipocondríaco de doenças exóticas", coisa que ele já havia confessado, um antes, que atrapalhava sua vida, o humorista refletiu sobre a morte.
Sou um hipocondríaco de doenças exóticas. Beribéri! Nem sei o que é, mas tenho pavor de pegar isso. Medo da morte é um sentimento inútil. Você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo. Tenho medo de ficar improdutivo. Citando o meu amigo Chico Anysio: 'você tem medo de morrer?' 'não, tenho pena'