Não é de hoje que se fala em sustentabilidade. Marcas, modelos, semanas de moda, são muitos os meios em que a bandeira da sustentabilidade tem sido levantada, como o faz Sasha Meneghel, já há mais de uma década. Mas você sabe o que é ser sustentável na moda? Entende como colocar em prática hábitos que mais que um estilo de vida, devem ser incorporados como formas de manter o mundo e a própria humanidade de pé?
"Ser sustentável começa pela consciência. É rever os hábitos de consumo, cuidar do que se tem e optar sempre pelo 'menos é mais', especialmente no que diz respeito ao consumo", acredita Fernanda Simon, curadora do projeto Fashion Revolution. O Fashion Revolution é um movimento que foi criado em 2013, em vários países, na ocasião do desabamento de um prédio de três andares em Bangladesh onde funcionava uma fábrica de tecidos (a ocasião revelou um lado negro da indústria, com trabalho escravo, condições insalubres e descumprimentos de normas de segurança). O movimento presente em 40 cidades do Brasil, tornou-se ONG este ano, e fomenta palestras e rodas de discussão sobre transparência e ética na produção de roupas, além de formas de ser mais sustentável, causa defendida também pela top model Gisele Bündchen.
O fato é que tudo o que evita a degradação do mundo de maneira geral aproxima quem o faz de uma vida sustentável. Evitar a poluição, o gasto de água com lavagens de roupas ou de determinados tecidos e materiais tóxicos ao meio ambiente são atitudes fundamentais para se produzir uma moda mais ética, como mostra Juliana Paes com doações de roupas. Ser consciente, exige como base que se tenha consciência sobre tudo o que se vai consumir. Desde o momento em que acontece o desejo de uma compra, por exemplo, até a hora de decidir o que comprar. Para Fernanda, a transparência é o primeiro passo para a sustentabilidade. "Isso envolve toda a cadeia produtiva, da produção da matéria-prima e quem está envolvido nela, até as condições de trabalho do vendedor da loja. E quanto mais esses processos forem abertos, menos chances existem de que aconteçam práticas obscuras. Precisamos procurar ficar por dentro disso", diz.
A compra em brechós, como apostou a atriz Leticia Colin em premiação, e a reciclagem de produtos é outra atitude muito incentivada para se ter hábitos de moda sustentáveis. Estilista por trás da marca de roupas novas e recicladas À La Garçonne, Alexandre Herchcovitch tem desenvolvido esse conceito em suas criações, bem diferentes das que fazia na marca com seu nome. A marca foi escolha de Bruno Gagliasso em lançamento de restaurante. "Na À La Garçonne as roupas são feitas através de estoques de outras empresas ou criadas do zero juntando a identidade das duas marcas. Sempre damos preferência no contato com os fornecedores para comprar a matéria-prima que está há mais tempo na empresa. Raramente pedimos para fabricar coisas novas. Além disso, customizamos peças vintages. Não descartamos nada.", conta ele. Para o designer e seu marido, Fábio Souza, dono da grife, o estilo de uma marca não deve mudar de uma coleção para a outra. "Ele [Fábio] é bem contra a ideia de mudar o estilo de uma coleção para outra. A roupa que você comprou há mais ou menos um ano continua sendo atual e tendo na marca onde você comprou", acredita Alexandre.
Outros projetos, de trocas e doações de peças são atitudes totalmente incentivadas. O Projeto Gaveta, por exemplo, é focado na criação de uma rede de pessoas que promovam a troca de roupas entre si. "Hoje temos como objetivo a conscientização das pessoas. Apoiamos a moda como reflexo de uma expressão pessoal. Queremos a diversidade de estilos, a originalidade, espontaneidade e autenticidade", afirmam as criadoras do projeto, Giovanna Nader e Raquel Vitti Lino. Fernanda Simon, do Fashion Revolution, concorda que a sustentabilidade engloba também conceitos de diversidade e inclusão. "Quando aplicado à beleza, por exemplo, essa consciência se torna ainda mais importante. É que além de essa indústria ter que se preocupar com processos químicos, poluentes e testes em animais, tem toda a questão do estereótipo pregado nos anúncios. A atenção à inclusão é fundamental para uma marca ser sustentável", acredita.
Entusiasta do estilo de vida sustentável, a jornalista de moda Lilian Pacce criou a hashtag #umlookporumasemana , que desafia as pessoas a repetirem a mesma peça de roupa durante uma semana e serem criativas na hora de combinar o que já têm no guarda-roupa. Já a atriz e apresentadora Fernanda Paes Leme propõe no programa de TV "Desengaveta" um consumo mais consciente por parte de quem tem muita roupa no armário. Já participaram do programa, por exemplo, as fashionistas Giovanna Ewbank e Camila Coelho. Gisele Bündchen também é conhecida por defender questões ecológicas e sempre usa peças sustentáveis no tapete vermelho.
(por Deborah Couto)