O câncer de mama tem o mês de outubro dedicado para a conscientização de mulheres com relação a doença e muitas vezes isso serve como incentivo para as pacientes que foram diagnosticadas, enfrentando esse problema diariamente. Além do susto que é descobrir o câncer, a doença pode afetar a aparência dessas mulheres, mexendo ainda mais com a autoestima. O trabalho de recuperação também envolve questões emocionais, que podem melhorar com ações especiais como a doação de perucas feitas por instituições voltadas para o assunto e a produção de máscaras estampadas para fazer a proteção de pessoas com baixa imunidade. Em entrevista ao Purepeople, a artesã Silvia Oliveira esclarece como funciona a elaboração das máscaras, que ganharam mais visibilidade quando foram utilizadas por Ana Furtado - a artista usava as peças coloridas durante o período em que se submeteu ao tratamento do câncer de mama, descoberto em estágio inicial em março deste ano após a realização do autoexame e da mamografia.
Além de ser importante para a autoestima, o estilo também pode disfarçar certas consequências do câncer como a mastectomia, mas esse não é o caso das máscaras. "Eu escolho as estampas pessoalmente, bato o olho na estampa e já imagino o produto que vou fazer", explica a profissional ao acrescentar: "Quando são para máscara, sempre procuro as mais alegres e de acordo com o estilo do cliente." Além de produzir o material, a especialista ainda ajuda a manter o estilo. "Eu dou algumas dicas quando me pedem, principalmente com estampas, falando como combinar com roupas e lenços", comenta Silvia, citando uma peça que pode ser amarrada de diversas formas, ao revelar: "Eu fiz uma coleção especial para o Outubro Rosa com florais cor de rosa e lisas com diversos tons de rosa."
Muitas vezes, o uso de máscaras é essencial e isso pode acabar se tornando um peso na rotina de quem convive com a doença, principalmente quando são os modelos tradicionais. "Não precisa ficar só naquelas máscaras de farmácia que dão um ar deprimido. Atendo uma necessidade só que de uma forma mais divertida, mais alegre e menos massante", opina a especialista ao declarar: "Eu acredito que tem relação com a autoestima dessas pacientes. Sempre uso uma frase para as clientes que gostariam de comprar a máscara falando que vamos colocar cor e amor nesse tratamento." Para Silvia, até mesmo a maneira como ela conversa com as clientes influencia. "Tento ter uma abordagem mais leve, porque ela está passando por um momento conturbado, cheio de medo, expectativas e debilitações", aponta a artesã ao afirmar: "O retorno que eu tenho sobre a autoestima é positivo, falando que estão melhores e que as máscaras ajudaram. É muito gratificante ouvir que o meu trabalho leva alegria para os outros."
Antes, Silvia fazia as máscaras no modelo mais comum, mas mudou com a ajuda de uma consumidora. "O formato tradicional são quadradas com pregas para ajustar de acordo com o rosto da pessoa, mas uma cliente perguntou se eu fazia em outro formato e eu aceitei o desafio que durou três dias", conta a profissional ao descrever: "As anatômicas, que é como eu chamo, são desenhadas e encaixam no rosto. Eu fiz uns protótipos pensando na padronização que fosse confortável para quem tem rosto fino e mais cheio, além da questão do elástico ajustável." Para produzir as máscaras, a artesã procura usar materiais resistentes com alta durabilidade e que também sejam confortáveis. "Desenvolvi um molde para adulto que tem uma medida padrão. Basicamente, elas são feitas com tecidos que chamamos de stamp e o forro interno. Eu uso tricoline, tecido 100% algodão", exemplifica a especialista ao relatar: "Elas são laváveis e reutilizáveis. Pode lavar com sabonetes que não seja com alvejante para não alterar cor e é bom passar com ferro, porque amaça e visualmente fica melhor."
(Por Fernanda Casagrande)